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O setor espacial como impulsionador de inovação

A consolidação do ecossistema espacial como pilar essencial para a comunicação e, assim, para o progresso econômico, social e tecnológico. Este campo foi aberto à iniciativa privada, gerando novas oportunidades e desafios para o setor de seguros.

Desde o lançamento histórico do Sputnik em 1957, a indústria espacial tem progredido a grande velocidade. Os satélites transformaram a comunicação global, estabelecendo-se como uma peça-chave na infraestrutura de telecomunicações. Contudo, o acesso ao espaço continua sendo caro e complexo, apresentando impedimentos técnicos que devem ser superados para alcançar objetivos ainda mais ambiciosos.

A mesa-redonda “O Setor Espacial como Impulsionador da Inovação”, realizada durante as XXIX Jornadas Internacionais Global Risks da MAPFRE, ofereceu uma visão detalhada sobre os desafios e as oportunidades que este setor enfrenta. Moderada por Cristina Quintero, subdiretora da Área de Aviação e Transportes da MAPFRE Global Risks, contou com a participação de renomados especialistas, como Miguel Ángel Panduro, CEO da Hispasat, e Miguel Ángel García, conselheiro delegado da Hisdesat.

Durante sua intervenção, Miguel Ángel García afirmou que “um satélite é uma nave espacial que carrega bens, serviços e, às vezes pessoas, e está composto pelo ônibus e pelo payload”, destacando a diversidade de usos dos satélites em telecomunicações: observação da Terra, navegação, científicas e de defesa.

O âmbito espacial tem sido pioneiro no desenvolvimento de tecnologias avançadas para funcionamento e operação dos satélites. García destacou a aplicação de “propulsão por plasma e reatores nucleares para missões fora do sistema solar”, sublinhando a inovação contínua. Estas tecnologias possibilitam que os satélites operem de maneira eficiente e confiável, mesmo nas condições mais adversas do espaço.

Um novo paradigma

Mesa Sector Espacial Escenario (2) 1000A entrada do setor privado tem revolucionado o mercado espacial. Miguel Ángel Panduro, CEO da Hispasat, mencionou figuras destacas como Elon Musk e Jeff Bezos, que têm investido significativamente para promover iniciativas como Starship e a constelação Kuiper. Esta dinâmica resultou na consolidação global das comunicações por satélite, forçando os operadores tradicionais a reconsiderarem suas estratégias e se adaptarem a um ambiente mais competitivo e dinâmico.

Simultaneamente, a Inteligência Artificial (IA) está começando a desempenhar seu próprio papel na operação de infraestruturas espaciais, apesar das dificuldades em sua implementação. O conselheiro delegado da Hisdesat apontou que “a IA ainda não possui uma taxa de falhas adequada para ser implementada em sistemas críticos de controle de infraestruturas espaciais”. Contudo, ela é utilizada de maneira efetiva no processamento posterior de dados, como na detecção de navios e manchas de petróleo no mar por meio de imagens de radar. À medida que a Inteligência Artificial evoluir e alcançar níveis de confiabilidade de 99,99%, espera-se um impacto transformador no setor espacial.

Os especialistas concordaram sobre a necessidade de superar o histórico conservadorismo para adotar abordagens inovadoras em um ambiente competitivo. Miguel Ángel Panduro sublinhou que é essencial ser mais ousados e arriscar para progredir, destacando o papel da tecnologia.

Avanços tecnológicos e novos projetos

Entre os progressos destacados na mesa redonda, o satélite Amazonas Nexus foi citado como um exemplo marcante de inovação. O responsável pela Hispasat ressaltou que “o Amazonas Nexus é um satélite muito mais competitivo, com um custo do megabit por segundo reduzido a uma oitava parte”. Este satélite não apenas melhora a conectividade em áreas isoladas, mas também traz novidades nos modelos de negócio, incluindo os acordos para fornecer serviços à Groenlândia e ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Um outro projeto mencionado foi o dos satélites SpainSat NG, que serão lançados em breve (final de 2024 e 2025). Miguel Ángel García afirmou que “estes satélites definidos por software permitem modificar sua configuração e cobertura em tempo real, oferecendo uma flexibilidade incomparável”. Equipados com tecnologias avançadas desenvolvidas na Espanha, foram projetados para atender às necessidades de defesa e segurança nacional, além de servir aos aliados internacionais.

As antenas utilizadas, as mais modernas da Europa, representam uma importante realização nacional. A parceria entre a Agência Espacial Europeia, vários ministérios na Espanha e a Hisdesat tem sido fundamental para se posicionar na vanguarda. O Ministério da Indústria financia a construção do satélite, enquanto o Ministério da Ciência e Inovação colabora nos aspectos mais inovadores do projeto. Mais de 45% dos satélites foram desenvolvidos na Espanha, fortalecendo o ecossistema espacial espanhol e criando capacidades únicas a nível mundial.

Desafios e oportunidades para o mundo segurador

O setor segurador enfrenta desafios únicos no contexto do campo espacial, em grande parte devido à alta sinistralidade observada nos anos recentes. Miguel Ángel Panduro sugeriu que “a entrada de novos jogadores e assumir maiores riscos contribuíram para esta tendência”. Ele salientou a importância de diferenciar entre clientes conforme seu histórico e práticas para a mitigação de riscos. A colaboração estreita com seguradoras como a MAPFRE é fundamental para garantir o sucesso de futuras missões.

Mesa Sector Espacial Grupal 1000Miguel Ángel García também abordou os riscos e desafios atuais do espaço, destacando que o espaço passou por mudanças drásticas nos últimos seis anos. O potente aumento no número de satélites, como as mais de 6.000 naves de Starlink em órbita baixa, gerou preocupações sobre a sustentabilidade e sua acumulação. García alertou para a necessidade de estruturar uma regulação internacional do espaço e enfatizou a importância de que os satélites sejam eliminados de forma adequada no final de sua vida útil para evitar riscos.

A despeito desses desafios, a indústria espacial continua sendo um motor-chave para a inovação e o progresso em múltiplos âmbitos. A participação do setor privado, a implementação de novas tecnologias e a colaboração com o setor segurador são elementos indispensáveis para enfrentar as dificuldades atuais e o futuro promissor na exploração do espaço.

Caso queira ouvir os protagonistas deste artigo, como aconteceu em Málaga, acesse o vídeo da palestra “O Setor Espacial como Impulsionador da Inovação”.

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