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Fernando Gonzalez MGRyAPTB

Segurança contra incêndios em centros hospitalares: Um Compromisso Imprescindível

No último dia 19 de fevereiro, o Hospital Gregorio Marañón sediou um seminário técnico sobre prevenção e proteção contra incêndios em instalações hospitalares, organizado pela Associação Profissional de Técnicos de Bombeiros (APTB) em parceria com a Fundación MAPFRE. Este evento, de interesse geral e particularmente importante para os profissionais de segurança desses centros, destacou a necessidade de formação adequada para saber como agir em situações de emergência. Nosso engenheiro Fernando González participou como palestrante, dando a perspectiva das seguradoras. Detalhes do evento

Os seminários técnicos sobre proteção contra incêndios são realizados há mais de 20 anos graças à colaboração entre a Associação Profissional de Técnicos de Bombeiros (APTB) e a Fundación MAPFRE, que em 2025 celebra seu 50º aniversário. Este evento de 19 de fevereiro de 2025 teve como título Prevenção e intervenção em incêndios em hospitais e centros assistenciais.

O que tornou essa sessão especial foi justamente a complexidade dos espaços em questão: hospitais e centros de assistência, como casas de repouso. Durante a abertura, tanto Sonia García de San José, diretora-gerente do Hospital Universitário Gregorio Marañón, como Ana Cabrero López, diretora geral de Infraestruturas Sanitárias do SERMAS, enfatizaram essa complexidade. Destacaram que o Gregorio Marañón conta com mais de 1.200 pacientes internados, além dos profissionais e familiares, e ainda enfrenta riscos adicionais como o armazenamento e uso de produtos inflamáveis. Ambas concordaram com a mesma mensagem: “A prevenção nestas instalações tão sensíveis é fundamental”.

Em seguida, Carlos García Touriñán, presidente da APTB, trouxe dados importantes: “Todos os anos ocorrem vários incêndios nesses centros, sendo que mais de 50% das vítimas fatais por incêndio na Espanha têm mais de 65 anos.” Com base nestes dados, insistiu na necessidade de uma reflexão profunda como sociedade sobre as medidas de segurança e a proteção das pessoas mais vulneráveis.

Um dos momentos mais impactantes da jornada foi a apresentação de José Miguel Basset, inspetor-chefe do Consórcio de Bombeiros de Valência, que contou o trágico incêndio na residência de idosos de Moncada, em 18 de janeiro de 2022. Apesar de cumprir com as normas e contar com a instalação de elementos de proteção contra incêndios, quando foi dado o aviso aos bombeiros, o fogo já estava muito avançado e acabou resultando em 9 mortes e mais de 80 pessoas evacuadas. Basset descreveu como a fumaça invadiu rapidamente os corredores, dificultando a evacuação e o resgate. “As primeiras unidades a chegar não tinham a proteção adequada para acessar a área do incêndio”, explicou.

Este incidente evidenciou, em sua opinião, “a falta de uma cultura de emergência” e a necessidade de uma preparação e coordenação completa, como, por exemplo, que os serviços de emergência conheçam as instalações e seus planos de proteção com antecedência.

 

Normas e Planos de Autoproteção

Santiago García San Martín, presidente do Observatório de Segurança Integral em Centros Hospitalares, abordou as normas que obrigam a ter um plano de autoproteção em instalações de uso sanitário em regime de hospitalização, tratamento intensivo ou cirúrgico. Normas como a RD393/2007 são direcionadas a instalações com mais de 200 camas, altura superior a 28 metros ou ocupação superior a 2.000 pessoas. De qualquer forma, como indicou García San Martín: “Caso não haja norma específica, aplica-se a Lei de Prevenção de Riscos Laborais 31/1991″, que estabelece formação e medidas de emergência necessárias.

O plano de autoproteção, conforme descrito no BOE “aborda a identificação e avaliação dos riscos, as ações e medidas necessárias para a prevenção e controle de riscos, bem como as medidas de proteção e outras ações a serem adotadas em caso de emergência“. Além disso, deve indicar também o nome e sobrenome dos titulares do centro, já que a partir de 2015, a responsabilidade penal recai sobre os gestores. Isto reforça a importância de uma correta implementação e manutenção destes planos.

 

Tecnologias e Equipes de Extinção

Também participaram do seminário Alfredo Álvarez, da European Fire Sprinkler Network (EFSN), e Daniel Martínez, de Dräeger, que apresentaram tecnologias eficazes na proteção contra incêndios.

Álvarez destacou a importância dos sprinklers em centros hospitalares: “Os sprinklers são a forma mais eficaz de evitar que pequenos incêndios se tornem grandes, já que entram em ação antes mesmo da chegada dos bombeiros”. Isso acontece porque eles são acionados pela temperatura. Seguindo um código europeu unificado, cada sprinkler é projetado e identificado com uma cor que indica a temperatura máxima na qual ele é ativado.

Martínez destacou a importância das máscaras respiratórias, especialmente em centros com pessoas vulneráveis, pois são “elementos simples que permitem resgates e evacuações rápidas e seguras, evitando riscos por inalação”.

 

O papel das seguradoras

Nosso colega Fernando González, engenheiro da Área de Engenharia da MAPFRE Global Risks, trouxe a perspectiva das seguradoras, já que sua Área oferece a multinacionais de Grandes Riscos consultoria e recomendações específicas ad hoc com o objetivo de proteger a atividade e seus funcionários. Entre as visitas realizadas ao longo do ano, estão também centros hospitalares. Por este motivo, abordou os principais riscos e ações preventivas contra o fogo em instalações hospitalares.

Fernando ponenciaSegundo o especialista, os lugares com maior risco de incêndio dentro dos hospitais e centros assistenciais são:

  • As cozinhas.
  • As áreas de serviços auxiliares, destacando as instalações elétricas.
  • Os espaços de armazenamento.
  • E as estações de carregamento de baterias de veículos elétricos.

A seguir, compartilhou uma série de ações recomendadas a serem realizadas para que não ocorram incêndios nesses lugares:

COZINHAS

  • Limpeza dos equipamentos e exaustores.
  • Equipamentos de detecção de gás. Sistemas de travamento automático.
  • Equipamentos de extinção de incêndios em coifas.
  • Boas condições de ordem e limpeza.

ÁREAS COM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Evitar armazenamento em salas elétricas. “Mais de uma vez, encontramos salas elétricas sendo usadas como depósitos, agravando o risco de incêndios.”

  • Ventilação/refrigeração adequada.
  • Programa de manutenção adequado. Termografia.
  • Detectores de fumaça: “Está comprovado que a detecção de fumaça é essencial para contenção e prevenção de incêndios, pois ativa o alarme na fase inicial do fogo, antes que altas temperaturas sejam atingidas.”
  • Instalar sistemas automáticos de extinção de incêndios nessas áreas. “Normalmente não há pessoal nessas áreas, portanto é fundamental instalar sistemas automáticos de extinção para minimizar consequências caso ocorra um incêndio e limitar os danos.”

ÁREAS DE ARMAZENAMENTO

  • Evitar o armazenamento inadequado. “Não armazenar em alturas elevadas, manter corredores livres e não obstruir o acesso a equipamentos de extinção, como mangueiras e extintores.”
  • Reduzir possíveis fontes de ignição, limitando as instalações ao estritamente necessário.
  • Instalar sistemas automáticos de detecção e extinção de incêndios.

Por último, abordou as ESTAÇÕES DE CARREGAMENTO DE BATERIAS, já que cada vez mais hospitais oferecem esse serviço em seus estacionamentos ou proximidades.

  • Evitar temperaturas e umidade excessivas nas áreas de carregamento de Veículos Elétricos.
  • Instalar áreas de carregamento longe das zonas classificadas como áreas perigosas ou de armazenamento de materiais explosivos (ATEX).
  • Garantir acessibilidade para a extinção de incêndios.

Para finalizar sua apresentação, o especialista da MAPFRE Global Risks mencionou os principais pontos de melhoria identificados com base na sua experiência. Destacou especialmente a necessidade de manter ordem e limpeza nas instalações, bem como implementar e atualizar os sistemas de proteção contra incêndios em todas as áreas, especialmente salas elétricas e áreas de armazenamento. Também ressaltou a importância de manter adequadamente os sistemas de abastecimento de água e, por último, mas não menos importante, pediu atenção especial ao controle de trabalhos a quente, pois, segundo ele, “são a causa de muitos sinistros, independentemente da atividade.”

Em resumo, o seminário realizado pela APTB no Hospital Gregorio Marañón deixou claro que a segurança contra incêndios em centros de saúde é um compromisso imprescindível. Prevenção, formação e implementação de tecnologias avançadas são essenciais para proteger as pessoas mais vulneráveis e garantir a segurança nessas instalações tão sensíveis.

Autor(es):

JULIA GOMEZ DE AVILA SEGADE

 

 

Julia Gómez de Ávila Segade é Técnica de Comunicação na MAPFRE Global Risks

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