Quinta-feira, 6 de junho
Eduardo Pérez de Lema, presidente da MAPFRE Global Risks, recebeu centenas de participantes que lotaram o grande auditório FYCMA em Málaga, cidade anfitriã das Jornadas Internacionais da empresa em seu décimo quinto aniversário.
Após traçar um cenário presente e futuro com objetivos exigentes, mas apoiados em uma gestão prudente e sustentável, ele passou a palavra para Bosco Francoy, CEO da empresa, que reafirmou a convicção no sucesso futuro e celebrou os bons resultados alcançados em um ano favorável, embora com suas dificuldades.
Para contextualizar as dificuldades enfrentadas pelo setor segurador, paralelas às do âmbito empresarial, José Luis Jiménez, CFO da MAPFRE, abordou em sua palestra “Panorama econômico atual” o momento de recuperação que vivem as economias avançadas e a leve desaceleração das emergentes, e alertou que, embora a inflação mundial esteja diminuindo, isso acontece de forma lenta. Ele destacou a situação europeia, cuja melhoria, em sua opinião, é quase “miserável”, e previu, com razão, que o Banco Central Europeu (BCE) entraria em cena para auxiliar, cortando as taxas de juros em 0,25%. Na MAPFRE, com a vantagem competitiva de contar com a presença internacional em mais de 26 países, estima-se que os preços não cairão tanto quanto o esperado a partir de segmentos como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e as taxas de juros continuarão mais elevadas do que o previsto (especialmente na Europa, o que enfraquecerá sua moeda). Ele também listou os principais fatores que estão definindo essa deriva global, como riscos geopolíticos, desastres naturais, estresse dos mercados financeiros ou fragmentação do comércio global. Apesar do cenário, o especialista lembrou que “estamos aprendendo com as crises”.
Mesa-redonda. “Mercado de resseguro: estamos vivendo uma mudança de ciclo?”
O primeiro encontro do dia foi moderado por Miguel Ángel Rosa, CEO da MAPFRE RE, que analisou a situação do mercado de resseguros com uma perspectiva muito ampla: a apresentada por Anthony Phillips, presidente da Guy Carpenter na América Latina e Caribe, e Jim Williamson, vice- presidente executivo, diretor de operações e chefe de resseguro da Everest Re. Todos os especialistas concordaram com a visão de um mercado anterior de taxas em queda, perdas e flutuações, embora tenham destacado 2023 como um ponto de inflexão em sua evolução -Philips, mais concretamente, apontou após o devastador Furacão Ian, que devastou a Flórida-, quando as taxas começaram a subir e iniciou-se um cenário totalmente inédito, com um mercado estável no qual as empresas podem obter cobertura na maioria dos mercados do mundo.
Esta interessante mudança de paradigma foi tópico de debate entre os participantes, que analisaram também como os crescentes desastres naturais passaram a ser um elemento essencial do setor ressegurador, ainda defasado na incorporação de novas técnicas de modelização para estes riscos, bem como no desenvolvimento tecnológico e cultural para prevenção de ataques cibernéticos.
Mesa-redonda: “O futuro das infraestruturas: inovação, sustentabilidade e resiliência”
A conversa foi moderada por Cristina Peral, gerente de Subscrição do Departamento de Property da MAPFRE Global Risks. Ela lembrou que, além de impulsionar o desenvolvimento econômico e social, as infraestruturas estão passando por uma importante transformação para deixar de ser foco de emissões de carbono. Como indicou Ricardo Lobo, chefe de PD&I da Aleatica, o foco não está mais em blocos duráveis de concreto e aço, mas sim em materiais melhorados, de vocação versátil e tendência à eletrificação no lugar dos combustíveis fósseis. Na área da sustentabilidade, o especialista apresentou um interessante projeto de “autonomia infinita” de veículos alimentados pela própria estrada na qual circulam, cujo teste piloto avança com sucesso em Portugal.
Outra visão transformadora veio de Daniel San Millán, gerente de riscos da Ferrovial, que falou de iniciativas interessantes que, embora ainda não tenham chegado à Europa, já foram implementadas com sucesso nos Estados Unidos, como as rodovias de pedágio dinâmico que flutuam segundo a fluidez das não tarifadas, ou ferramentas como ADAPTARE, que permitem avaliar o impacto dos grandes riscos climáticos nas grandes infraestruturas. O terceiro especialista da mesa, Marcelo Gomes da Silva, especialista em seguros da MetrôRio, confirmou que sua empresa está completamente ciente da necessidade de oferecer aos milhões de passageiros que atravessam o Rio de Janeiro em seus vagões as facilidades e a segurança que eles merecem, com base em um modelo de segurança e progresso, e amparados, necessariamente, pelo setor segurador.
Mesa-redonda: “Tendências das cativas no setor segurador”
Carlos Villanueva, subdiretor da área de Operações e Dados da MAPFRE Global Risks, moderou esta interessante conversa sobre a situação do mercado das cativas na gerência de riscos global, um segmento bem conhecido pela MAPFRE, que trabalha com mais de 30 cativas. Ao seu lado, três grandes especialistas participaram dessa conversa: Ignacio Gomar, diretor de Seguros Corporativos da Naturgy, Diana Beltrán, diretora geral da Saphire e Georges Michelena, responsável pelas empresas espanholas da Risk & Reinsurance Solutions. De suas diferentes perspectivas geográficas, foi revelador ouvir as tendências dos diferentes marcos regulatórios, a condição da rigidez do mercado na abertura e fechamento de cativas e a importância estratégica deste mecanismo de garantia para muitas empresas internacionais. Neste contexto, todos admitiram a importância de valorizar as três figuras fundamentais deste negócio: o broker, a empresa cativa e a companhia de seguros.
Mesa-redonda: “A IA na gestão de Riscos Globais”
A Jornada terminou com um animado debate sobre a presença de uma tecnologia em ascensão em nossas economias: a Inteligência Artificial. Com a orientação do responsável por IA da MAPFRE Global Risks, Diego Bodas, falou-se sobre o importante papel que essa tecnologia tem em uma mudança de paradigma indiscutível e que um dos participantes, Pablo García Mexía, diretor da prática de Direito Digital na Herbert Smith Freehills, chegou a qualificar como “o maior fator de ruptura na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, capaz de alterar as bases do contrato social. Este especialista em Direito, enumerou os importantes riscos envolvidos em sua implementação (desde meio ambiente ou segurança até discriminação e preconceito com incidência em desigualdade), compartilhou uma análise esclarecedora sobre a regulamentação atual e admitiu que o potencial positivo desta tecnologia é enorme.
Nesta mesa, também ouvimos as opiniões de Richard Bejamins, CEO da Odisseia, que apontou que a IA é uma tecnologia transcendental e de amplo alcance devido à sua horizontalidade aplicada a qualquer setor, e que não será apenas uma revolução industrial, mas também social; e Juan María Aramburu, cofundador e CEO da Keepler Data Tech, que abordou especificamente a importância dos dados e de seu compartilhamento, uma vez que cada conteúdo é a raiz de outros. Juan também lembrou que o progresso e os diferentes usos da IA devem avançar ao lado da cibersegurança.
Em breve, na nossa revista Gerência de Riscos e Seguros, será possível ler um resumo mais extenso sobre cada uma das mesas. Fique atento!