Home > Revista Gerência de Riscos e Seguros > Notícias > Evolução e tendências das Insurtechs
Ponencia Javier Santiso

Evolução e tendências das Insurtechs

No âmbito das XXIX Jornadas Internacionais Global Risks, Javier Santiso, CEO e sócio geral da Mundi Ventures, apresentou uma ampla perspectiva sobre como a tecnologia está revolucionando o setor segurador e quais desafios despontam no horizonte.

Ao longo da história muitas revoluções foram enfrentadas, mas as mudanças atuais são radicalmente diferentes. A velocidade tecnológica impulsiona transformações sem precedentes, promovendo um impacto global e interligado. Até o momento, os avanços tecnológicos, tal como o fogo ou o motor a explosão, substituíam uma tecnologia por outra. Hoje, no entanto, o ser humano é o ativo “que está sendo substituído”, disse Santiso durante sua fala.

Essas inovações abrem novas oportunidades em vários setores, melhorando a qualidade de vida e facilitando o acesso à informação e aos serviços. A digitalização e a Inteligência Artificial estão redefinindo indústrias inteiras, marcando o início de uma era de progresso acelerado e mudanças significativas que irão moldar o futuro da humanidade.

A tecnologia avança rapidamente, enquanto a engenharia social e organizacional avança mais lentamente, criando desafios e oportunidades. No setor segurador, considerado um “metassetor” por sua relação com vários outros setores, bancos, varejistas e empresas de telecomunicações aumentam seu protagonismo. “Todos estão interessados em seguros”, destaca o CEO da Mundi Ventures. Empresas como Booking e Tesla geram grande parte de seu faturamento nessa área. A Ikea e a Apple também investem nesse tipo de produto, enquanto as empresas de telecomunicações buscam expandir suas ofertas em cibersegurança e Inteligência Artificial.

Desafios vistos como oportunidades

Javier Santiso identifica os desafios com maior probabilidade e impacto na economia. Nesse contexto, destaca que a adaptabilidade e a inovação serão fundamentais para mitigar os riscos associados e aproveitar as possíveis oportunidades.

1. Mudanças demográficas

As dinâmicas demográficas variam de acordo com a região, mas, em geral, o envelhecimento da população é uma tendência global. Isso traz desafios e oportunidades, como a longevidade e a cobertura de seguros para diferentes grupos demográficos.

Na Europa, por exemplo, as dinâmicas demográficas são muito diferentes das da América Latina. Santiso observa como “a Europa está se tornando periferia”, com o epicentro do crescimento populacional na Ásia e África. Ele ressalta que “pela primeira vez há mais idosos do que crianças menores de cinco anos”, o que é relevante para empresas voltadas à longevidade. O especialista menciona a obsessão do Vale do Silício por “matar a morte” e como tecnologias como a Neuralink de Elon Musk procuram prolongar a vida biológica. Nesse contexto, os seguros desempenham um papel crucial na promoção da longevidade saudável.

Na América Latina, por outro lado, há grandes oportunidades para melhorar a penetração dos seguros, o que poderia reduzir a desigualdade. Nas palavras de Santiso, “a alavanca seguradora é fundamental para reduzir os coeficientes de Gini”, apontando como exemplo o investimento em Insurtechs como a Sami Health no Brasil para enfrentar esses desafios.

2. Risco climático

O risco climático é, ao mesmo tempo, um fator de risco e uma oportunidade. “Estamos indo mal, muito mal”, comenta o CEO da Mundi Ventures sobre as taxas recordes de sinistralidade do ano passado, que deverão continuar aumentando. O impacto da mudança climática é grave: com 1,5 grau de aquecimento, são esperadas perdas de 6% das espécies; com 2 graus, as populações em habitats deteriorados aumentarão dez vezes. Os choques demográficos serão inevitáveis, com o deslocamento das populações de um país para outro.

A Mundi Ventures acredita que essas incompatibilidades têm enormes implicações e, portanto, trabalha em um fundo de um bilhão de dólares da Climate Tech, apoiando os grandes investimentos de capital que o setor de tecnologia exige antes de lançar seus produtos no mercado. Para Santiso, embora “seja caro e envolva riscos”, a oportunidade também é enorme. Ele prevê que estamos caminhando em direção a um muro e o desequilíbrio aumenta. As perdas pela mudança climática aumentam em todas as métricas, atingindo cifras gigantescas, de trilhões de dólares. Mais cedo ou mais tarde, “o regulador entrará em pânico”. Quando isso acontecer, usará alavancas fiscais e regulatórias para agir rapidamente, prevê o especialista.

Ponencia Javier SantisoPor outro lado, a necessidade de adaptar edifícios e propriedades aos impactos da mudança climática apresenta desafios para o setor imobiliário e, portanto, para o mercado de seguros. A tecnologia também está sendo usada para prevenir e mitigar riscos no setor.

“Praticamente nenhum edifício está preparado”, e os novos projetos também não estão considerando os riscos, o que gerou uma resposta urgente para cumprir a regulamentação, provocando custos excessivos, aponta. No entanto, esclarece que também há oportunidades para o setor segurador, que é importante detectar com tempo e seriedade para antecipar esta megatendência.

 

3. Tecnológicos

O fator tempo também é considerado essencial pelo responsável geral da Mundi Ventures quando falamos sobre regulamentação e seu impacto nas empresas emergentes. “O regulador vai começar a rever as empresas que começam a ficar sobrecarregadas de problemas”, como é o caso da Airbnb, Uber ou Deliveroo, que geram complicações de gentrificação e outros danos colaterais, explica. “Quando essas empresas crescem e os problemas se agravam, a curva de crescimento quebra”, o que pode ser devastador para empresas aparentemente viáveis, alerta Santiso.

A rápida evolução tecnológica, incluindo Inteligência Artificial, cibersegurança e conectividade M2M, apresenta desafios em termos de garantir esses novos riscos. No entanto, também abre oportunidades para o desenvolvimento de produtos de seguros inovadores e a criação de soluções para mitigar os riscos. Nesse contexto, os riscos são reais e crescentes. ‘É vital ter uma visão de longo prazo e considerar seriamente esses riscos ao investir em novas tecnologias e modelos de negócios. Como indústria, é importante estarmos preparados e anteciparmos as possíveis ondas regulatórias para minimizar seu impacto e aproveitar as oportunidades apresentadas.

Perfil Santiso

 

Javier Santiso
CEO e sócio geral da Mundi Ventures

donwload pdf
Navegação e Risco: O Impacto da Avaria Grossa

Navegação e Risco: O Impacto da Avaria Grossa

A aventura marítima envolve riscos. Os armadores, carregadores e fretadores que utilizam um navio para transporte marítimo enfrentam riscos, comuns a todos eles, que podem ocorrer com uma certa probabilidade. A Avaria Grossa reflete esse espírito de compartilhamento...

ler mais
Assim será o maior túnel submarino da Europa

Assim será o maior túnel submarino da Europa

Com quase 20 quilômetros de comprimento, o Fehmarnbelt Link conectará diretamente a Dinamarca e a Alemanha através do estreito do mesmo nome. O túnel unirá ambos os países graças a um projeto inovador que marcará uma etapa na engenharia mundial e melhorará a...

ler mais