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Seguros paramétricos: inovação e eficiência para um mundo imprevisível

As coberturas paramétricas estão transformando o setor segurador ao oferecer soluções inovadoras e eficazes para mitigar os efeitos de eventos catastróficos, que estão se tornando cada vez mais frequentes e severos devido ao impacto da mudança climática.

O setor segurador enfrenta um ambiente em constante evolução, impulsionado pela busca de soluções adaptadas às necessidades dos mercados atuais e as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias. Neste contexto, os seguros paramétricos se consolidam como uma ferramenta-chave para a gestão de grandes riscos e a simplificação de processos, desde a contratação até a liquidação de sinistros.

O que são seguros paramétricos?

Os seguros paramétricos, ou baseados em índices, cobrem a probabilidade de que ocorra um evento pré-definido, baseando a compensação econômica na verificação de parâmetros objetivos. Estes parâmetros incluem medições quantificáveis, como a quantidade de chuva, a magnitude de um terremoto ou a velocidade do vento. Quando o evento atinge ou supera o limite acordado, o seguro é executado automaticamente.

Este enfoque proporciona uma resposta ágil e previsível diante de situações de alto risco, onde a capacidade de resposta imediata pode ser crucial para atenuar perdas adicionais. Baseando-se em dados objetivos, os seguros paramétricos eliminam a necessidade de realizar inspeções ou avaliações detalhadas dos danos, acelerando assim o processo de indenização.

Como funcionam os seguros paramétricos?

O processo dos seguros paramétricos articula-se em uma série de etapas que garantem um funcionamento claro e eficiente. Estas fases permitem que seguradora e segurada estabeleçam, monitorem e validem os critérios necessários para que a compensação seja resolvida sem demoras.

  1. Definição de parâmetros. Segurado e seguradora acordam os parâmetros e limites que serão utilizados para ativar o pagamento, como a quantidade de chuva ou a magnitude de um sinistro.
  2. Monitoramento dos parâmetros. Durante o período de cobertura, os parâmetros definidos serão verificados mediante fontes de dados objetivas, como estações meteorológicas, sensores sísmicos ou bancos de dados governamentais, garantindo uma medição precisa.
  3. Execução da compensação. Se o limite acordado for cumprido, realiza-se a liquidação, que dependerá unicamente da medição dos parâmetros acordados e não dos danos reais.

Vantagens dos seguros paramétricos

Os seguros paramétricos apresentam numerosas vantagens tanto operacionais como financeiras para as seguradoras e os segurados. São algumas das mais significativas:

  • Agilidade nas indenizações. Ao não exigir a avaliação individual dos danos, as indenizações podem ser recebidas em um prazo breve, inclusive em questão de horas ou dias. Isto é particularmente relevante em situações de emergência, onde a rapidez da resposta financeira é fundamental para a recuperação.
  • Previsibilidade e transparência. A definição clara dos parâmetros e limites pré-estabelecidos elimina ambiguidades e possíveis conflitos sobre a extensão dos danos. Ambas as partes conhecem as condições com antecedência, o que incentiva a confiança.
    Cobertura de riscos não seguráveis tradicionalmente. Permitem cobrir riscos difíceis de quantificar com seguros convencionais, como certos riscos geopolíticos ou de mercado, ao concentrar-se em parâmetros mensuráveis e verificáveis.
  • Redução de custos operacionais. A automatização das reclamações e a eliminação dos processos de verificação de danos reduzem significativamente os custos administrativos, permitindo prêmios mais competitivos.
  • Acessibilidade em mercados emergentes. Têm grande potencial em regiões com pouca infraestrutura de seguros. Em áreas vulneráveis, como certos países em desenvolvimento, oferecem soluções eficazes para a gestão de riscos.

Os desafios dos seguros paramétricos

Embora inovadores e efetivos, os seguros paramétricos enfrentam vários desafios. Um dos mais relevantes é o “risco base”, que ocorre quando a compensação do seguro não coincide com as perdas reais sofridas. Isto pode ocorrer de maneira adversa, quando há uma perda real e o seguro não entra em ação, deixando o segurado sem indenização. Ou, pelo contrário, também pode haver um risco base favorável, onde o seguro é executado sem uma perda real, gerando uma compensação que poderia ser considerada um lucro injustificado.

Minimizar este risco requer uma correlação precisa entre os parâmetros e as perdas. A qualidade e a precisão dos dados utilizados, bem como os algoritmos de análise, são cruciais para definir limites adequados e evitar pagamentos desnecessários ou insuficientes. Além disso, ao não cobrir danos específicos, os segurados podem ficar sem proteção se o evento não coincidir com os parâmetros acordados, limitando sua flexibilidade. Por estas razões, os seguros paramétricos devem ser concebidos como um complemento aos seguros tradicionais e não como um substituto.

Exemplos de seguros paramétricos em diferentes setores

O alcance dos seguros paramétricos cresceu exponencialmente nos últimos anos, integrando-se em diversos setores para responder às necessidades de um mundo condicionado pela mudança climática.

  • Agricultura: Especialmente úteis para mitigar os efeitos devastadores de fenômenos como secas, geadas ou tempestades, baseando-se em parâmetros como a precipitação ou a temperatura, oferecem uma cobertura rápida e previsível.
  • Riscos catastróficos Em áreas propensas a desastres como terremotos, furacões ou inundações, as indenizações são implementadas automaticamente ao superar os limites de magnitude, facilitando uma resposta rápida.
  • Transporte e logística: Protegem as cadeias de fornecimento contra atrasos por eventos naturais com seguros que cobrem interrupções baseadas em parâmetros meteorológicos.
  • Turismo e eventos: Asseguram-se contra cancelamentos por clima adverso, baseando a prestação em condições como chuvas intensas ou ventos fortes.
  • Governos e comunidades: Utilizados para gerenciar riscos climáticos, permitem financiar respostas rápidas a emergências, estabilizando a economia e facilitando a recuperação no curto prazo.

Tendências futuras e oportunidades

As tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e a análise de big data melhorarão a precisão dos seguros paramétricos. O uso de sensores IoT e dados em tempo real permitirá desenvolver modelos mais robustos e personalizados, reduzindo o risco base. Os seguros de segunda geração, que utilizam intensidades locais calculadas com modelos geoespaciais, já começam a oferecer personalizações mais precisas em contextos de alta exposição.

A colaboração entre seguradoras, governos e organizações internacionais continuará fortalecendo a proteção diante dos riscos derivados do aquecimento global. Esta sinergia é fundamental para enfrentar um mundo onde a incerteza climática e econômica continuará desafiando a previsibilidade. Nesse sentido, os seguros paramétricos se destacam como aliados indispensáveis na gestão de um futuro tão promissor quanto imprevisível.

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