Os skylines das principais cidades do mundo têm em seu perfil alguma ponte que as representa. Não é apenas uma questão estética: as pontes sustentam a vida social e econômica dos cidadãos e são projetadas para resistir à exigente atividade diária que suportam.
No último mês de março, um incidente na Ponte de Baltimore (EUA) evidenciou a importância destas infraestruturas e o enorme impacto econômico, prático e emocional de seu colapso. O célebre engenheiro de caminhos Javier Manterola afirmava que as pontes são um elemento do caminho, conforme cita Rubén Rodríguez Elizalde, Engenheiro Técnico de Obras Públicas, já que toda estrada ou ferrovia deve utilizá-las para contornar determinados obstáculos. A via que acompanha é a que define as características da ponte: “larguras, alturas, escalas, traçado em planta… são dados para o projeto e as variáveis que constituem sua dimensão funcional. Raramente a ponte impõe suas condições à estrada; devem ser cruzamentos realmente excepcionais, que reúnam uma dificuldade máxima e custos excessivos, para que sejam estes os que determinem a priori a localização da ponte e as condições geométricas às quais deve atender o traçado da estrada “, diz o especialista.
Embora existam inúmeros critérios para classificá-las, o material constitutivo é um dos mais utilizados. Além das estruturas mais antigas, mas ainda em serviço, que são fundamentalmente de pedra, podemos encontrar três versões de pontes:
- Pontes de concreto
- Pontes metálicas
- Pontes mistas (combinação de concreto e aço)
“Estão sendo incorporados novos materiais, mas, atualmente, quase todas são de concreto (armado ou pré-tensionado), de aço ou de uma mistura dos dois”, afirma.
Quanto à necessidade de reabilitar as pontes mais antigas, muitas delas fundamentais na mobilidade de grandes cidades, o especialista declara que não há uma resposta generalizada nem uma forma única de agir. “É preciso analisar, em cada caso, o estado de conservação e se sua capacidade de resistência é suficiente para responder às exigências que atualmente são necessárias. Quando seu estado não for adequado, ou sua capacidade estiver reduzida, será necessário repará-la ou reforçá-la “, explica.
Inovação a serviço do projeto
Os avanços tecnológicos estão influindo de forma decisiva no projeto e na construção das pontes urbanas, em diferentes âmbitos. Rodríguez Elizalde dá como exemplo cinco áreas nas quais a inovação e o desenvolvimento estão transformando aspectos fundamentais destas construções, e nos explica como:
1. Uso de materiais de construção avançados
Concreto de alto desempenho (ou de ultra alto rendimento UHPC)
É um material mais resistente e duradouro que o concreto tradicional e, graças a isso, permite estruturas mais finas e leves, o que resulta em uma construção mais sustentável e rentável.
Compostos de fibra de carbono e outros materiais compostos
Oferecem maior resistência e durabilidade com menos peso, o que reduz as cargas sobre as estruturas e melhora sua eficiência.
2. Uso de tecnologias de projeto assistido por computador (CAD)
Modelagem de informações de construção (BIM)
Permite a criação de modelos tridimensionais detalhados, que integram informações de todos os aspectos da estrutura, melhorando a coordenação durante a construção e a manutenção posterior, e consolidando uma manutenção preventiva e a redução de erros.
Simulação e análise estrutural
Inclui ferramentas avançadas de simulação, que permitem prever o comportamento das pontes sob diversas condições, otimizando o projeto e aumentando a segurança.
3. Métodos de construção inovadores
Construção modular e pré-fabricada
Uma técnica cada vez mais consolidada no setor, consistente na produção prévia e externa de componentes, com a posterior instalação no lugar correspondente, o que permite uma construção mais ágil, com um maior controle das prestações e características destes elementos, reduzindo os problemas durante o processo construtivo.
Impressão 3D
Esta tecnologia permite a criação de componentes complexos e personalizados, de forma eficiente e com um menor desperdício de material.
4. Tecnologias de monitoramento e manutenção
Sensores inteligentes e sistemas de monitoramento em tempo real
Integrados à estrutura da ponte, podem detectar tensões, movimentos e outros indicadores de desgaste ou deterioração, permitindo uma manutenção preventiva e prologando a vida útil da estrutura.
Drones e robôs
Estas aeronaves não tripuladas permitem a inspeção em pontos de difícil acesso, proporcionando dados precisos, sem necessidade de expor a segurança de pessoas, de instalar andaimes ou de interromper o uso das infraestruturas.
5. Medidas de sustentabilidade e economia energética
Integração de fontes de energia renováveis
Algumas pontes modernas incorporam elementos para gerar e autoabastecer-se de energia, como painéis solares ou turbinas eólicas, reduzindo assim sua pegada de carbono.
Uso de materiais reciclados
Uso de materiais reciclados e práticas de construção sustentável como métodos que minimizam o impacto ambiental.
Normas adaptadas ao meio
Para adaptar o planejamento de uma ponte à regulamentação vigente, é necessário atender ao ponto geográfico onde se situará, já que “as normas para construção variam significativamente em função do país e da região”, como afirma Rodríguez Elizalde. De fato, nenhuma construção pode ser analisada com caráter retroativo, já que as normas também vêm evoluindo. “Existem regulamentações e códigos de âmbito local, nacional e internacional; existem normas de projeto que atendem ao tipo estrutural e às cargas a serem consideradas – e sua resistência -; encontraremos normas que estabelecem requisitos de segurança e de acessibilidade, outras de inspeção e manutenção e, mais recentemente, prescrições de condição ambiental e de sustentabilidade”, explica.
Todas estas exigências são necessárias quando falamos de uma parte essencial no dia a dia das cidades. “São construções vitais para que haja um funcionamento eficiente, ao melhorar a conectividade, o descongestionamento do tráfego e a segurança viária (especialmente em relação a uma resposta rápida diante de uma situação de emergência), influindo positivamente no desenvolvimento econômico urbano e na qualidade de vida de seus cidadãos”, conclui.
Este artigo teve a colaboração de…
Rubén Rodríguez Elizalde é Engenheiro Técnico de Obras Públicas (Formado em Engenharia Civil), formado em Edificação e Doutor em Arquitetura e Patrimônio, além de ter um título universitário em Prevenção de Riscos no Trabalho.
Em nível profissional, é especializado em patologia e reabilitação estrutural e desenvolveu trabalhos de gestão preventiva – fundamentalmente nos setores da construção, do metal e dos espetáculos -.
Destacam-se, neste sentido, a coordenação de segurança e saúde de obras de grande renome, como a demolição final do Edifício Windsor em Madri, a execução da Ponte Puerta de Las Rozas, do Museu Municipal de Torrejón de Ardoz, e da Reabilitação da Vieja Imprenta de Madri. Atualmente, colabora como professor em diversos centros universitários, como a Universidad Europea de Madri e a Universitat Oberta de Catalunya.