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Offshore, gigantes no mar

Os avanços tecnológicos e o esgotamento das perspectivas em águas rasas levaram as empresas a explorar águas mais profundas, construindo grandes plataformas na imensidão do mar. Nesse contexto, a América Latina apresenta-se como a região que acumulará grande parte do capital investido nessas instalações em águas ultraprofundas.

Embora o primeiro poço de petróleo perfurado fora da costa tenha sido o de Bibiheybat, em Baku, no Azerbaijão, em 1846, considera-se que as precursoras das plataformas modernas tenham sido as fortalezas marinhas de Maunsell, pequenas torres fortificadas construídas nos estuários dos rios Tâmisa e Mersey durante a Segunda Guerra Mundial. Elas eram construídas na terra com concreto, equipadas com canhões antiaéreos Bofors e radares 46, e fixadas no local com a ajuda de barcaças.

Desde então, houve muita evolução até o presente, com a construção de grandes gigantes no meio do oceano, como a plataforma de Berkut, no Mar de Okhotsk (Rússia), que pesa 200.000 toneladas, ou Hibernia, construída no meio do Atlântico em frente as costas de Terra Nova (Canadá), cujas instalações de produção têm uma massa de 37.000 toneladas que se assentam sobre uma base de outras 600.000 toneladas.

Dependendo do ambiente, essas plataformas podem ser fixadas no fundo do mar ou flutuar.É comum que elas não estejam longe da costa, mas as melhorias tecnológicas permitem que elas se distanciem cada vez mais, para explorar lugares como as águas profundas do Brasil (a mais de 5 mil metros de profundidade) ou as vastas reservas potenciais encontradas em países como China, Argentina e o Reino Unido.

Principais produtores

Cinco países detêm atualmente 43% da produção total de petróleo em alto mar: Arábia Saudita, Brasil, México, Noruega e Estados Unidos.

Os sauditas são os maiores produtores offshore do mundo, com campos como o de Safaniya. Considerado o maior campo offshore pela revista Forbes, produz entre 1,1 e 1,5 milhão de barris por dia. Com esta e outras reservas, a Arábia Saudita é responsável por 13% da produção global. O segundo lugar é ocupado pelo Brasil, onde a produção em alto mar cresceu 58% entre 2005 e 2015. Este crescimento foi impulsionado principalmente pela expansão de projetos nas águas ultraprofundas do pré-sal (O pré-sal é uma formação geológica na plataforma continental que está abaixo da camada de sal no fundo do mar. A profundidade total das descobertas desde a superfície do mar até o reservatório de petróleo abaixo da camada salina pode chegar a mais de 7.000 m), e graças a campos como Lula (o quinto maior do mundo segundo a Forbes).

Também na América Latina, o México detém a posição de terceiro maior produtor offshore. Este país produziu cerca de dois milhões de barris por dia em 2015, representando 7% da produção mundial offshore.

“Cinco países detêm atualmente 43% da produção total de petróleo em alto mar: Arábia Saudita, Brasil, México, Noruega e Estados Unidos.”

Estima-se que o depósito de Trión, localizado na zona de fronteira marítima com os Estados Unidos e com uma profundidade de mais de 2.500 metros, tenha reservas totais de 3P, que totalizam 485 milhões de barris de petróleo cru equivalente.

Fora do pódio dos grandes produtores offshore, e ocupando o quarto lugar, está a Noruega, graças às reservas do Mar do Norte. Mas, como aponta a consultora Douglas Westwood, esta região nórdica europeia entrará em declínio entre 2016 e 2040, devido à maturidade alcançada na maioria dos campos e ao desmantelamento das plataformas mais obsoletas.

Apesar de uma queda de 28% na produção offshore entre 2005 e 2010 naquele país, o abastecimento tem permanecido estável desde 2010, representando 7% da produção mundial em alto mar.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos mantém uma posição forte no ranking mundial de produção offshore (a mesma que no campo onshore), graças aos depósitos do Golfo do México. De 2005 a 2015, a produção offshore cresceu 6,5% nessa área e as novas descobertas não param.

O Golfo do México e as reservas descobertas na América Latina são exemplos tanto das oportunidades quanto dos principais desafios da extração em águas profundas, pois implicam uma maior complexidade, um maior custo e risco de operação.

Exploração em águas ultraprofundas

Os avanços tecnológicos desenvolvidos pelas empresas especializadas em perfuração, como Schlumberger, Halliburton e Baker Hughes, e o esgotamento das perspectivas em águas rasas, levaram as empresas a explorar cada vez mais em maiores profundidades. A maior parte da produção em águas profundas ou ultraprofundas ocorre em quatro países: Brasil, Estados Unidos, Angola e Noruega. Os dois primeiros representam, em conjunto, mais de 90% da produção mundial em águas ultraprofundas.

Os olhares também estão voltados para novos países como China, Argentina e Reino Unido. Conforme revelado pelos sistemas flutuantes de produção* (FPS, na sigla em inglês), que têm sido tradicionalmente um bom indicador, a América Latina se destacará nos próximos anos neste campo.

“Segundo a consultora Douglas Westwood, geograficamente, a região em que se verá mais dinamismo nesta indústria será a América Latina.”

Segundo a consultora Douglas Westwood, geograficamente, a região em que se verá mais dinamismo nesta indústria será a América Latina. Seu relatório afirma que essa área do planeta acumulará grande parte do capital investido, devido à necessidade de procurar petróleo em águas ultraprofundas em países como o Brasil, exigindo, assim, maior investimento. A Ásia e a África serão as outras áreas onde a indústria dos FPSO crescerá em ritmo mais acelerado. Mais uma vez, o investimento aqui dependerá do ambiente em que os operadores trabalhem. Na África, como na América Latina, os empregos serão cada vez mais em maiores profundidades, enquanto na Ásia as operações serão mais simples e exigirão menos investimento, porque os depósitos estão em águas relativamente rasas.

Nesse contexto, os especialistas ressaltam a necessidade de continuar desenvolvendo sistemas de segurança e prevenção para que os projetos se tornem mais eficientes, uma vez que o futuro dependerá do cuidado desses recursos e também da competitividade deste setor.

*Sistema flutuante de produção: Consiste em uma unidade semissubmersível que conta com equipamentos de perfuração e produção. É fixada no lugar com cabos e correntes, ou pode ser colocada com posicionadores dinâmicos usando âncoras rotativas. A produção dos poços submarinos é transportada para a cobertura superficial através de dutos verticais (risers) projetados para suportar o movimento da plataforma. O FPS pode ser usado em uma faixa de profundidades de água de 180 a 3.000 metros.

Assim conseguimos levantar uma plataforma do tamanho do Big Ben

Repsol (Publicado em 24 de maio de 2017)

Em 1987, o campo petrolífero de Yme foi descoberto na bacia norueguesa de Egersund. Após 30 anos de trabalho nesta plataforma, na Repsol, decidimos realocar a instalação através de um novo sistema que se tornou um grande marco na engenharia de reservatórios.

Você sabe quantas toneladas esta massa de ferro tão alta quanto o Big Ben pesa? Ou poderia nos dizer quantos dias foram necessários para realizar essa façanha?

Não perca este vídeo para conhecer todos os detalhes do projeto.

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