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Energias-Renovables

O peso das energias renováveis na matriz energética dos países latino-americanos

A América Latina é uma das regiões mais poderosas do mundo em energia renovável, atraindo os olhos das grandes empresas para essa região. Os governos dos respectivos países legislam para favorecer o investimento estrangeiro e o financiamento de projetos, bem como a segurança jurídica dos investidores.

A América tem enormes recursos solares, principalmente em países como o Brasil, o México, o Chile e a Colômbia, além dos Estados Unidos. Costa Rica, Uruguai e Paraguai lideram o ranking de países nos quais a geração de energia é quase inteiramente proveniente de fontes renováveis. No entanto, na região, apenas 6% da eletricidade gerada é proveniente de fontes alternativas e renováveis, produzidas por fontes eólicas, fotovoltaicas, biomassa ou geotérmicas.

No entanto, a América Latina se destaca por seu enorme potencial de geração de energia a partir de fontes não convencionais, a qual se junta a vontade política dos governos de lutar contra o aquecimento global e a mudança climática.

Argentina, Bolívia, Colômbia, México, Paraguai, Uruguai, Peru e Venezuela assinaram o Acordo de Paris em 22 de abril de 2016 na sede das Nações Unidas em Nova York, que estabelece medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) através da mitigação, adaptação e resiliência dos ecossistemas a efeitos do aquecimento global.

O Equador o assinou pouco depois, em 26 de julho, enquanto o Chile o fez antes do final daquele ano. Alguns dos países da região que ratificaram o Acordo de Paris são a Bolívia, o Equador, o México, o Paraguai, o Peru e o Uruguai. Enquanto isso, Chile, Colômbia e Venezuela ainda não aprovaram o tratado.

O objetivo é que até 2050 20% sejam provenientes de fontes limpas.

Mas qual é a situação neste momento, como é a matriz energética desses países e qual é a posição atual das energias renováveis?

Presente e perspectivas das energias renováveis

Argentina. Atualmente, parece apostar abertamente no desenvolvimento da energia solar, com exemplos como o de Jujuy, uma cidade que é completamente abastecida por energia solar. O país tem a terceira maior reserva eólica do mundo (supera a Espanha e a Dinamarca) e a segunda maior reserva solar do planeta. Seu potencial eólico excede os 2.000 GW, uma centena de vezes a capacidade total instalada. Nos últimos anos, 1,8 bilhões de dólares foram investidos em energias limpas e a emissão de gases do efeito estufa foi reduzida em 30%. 87% da matriz energética da Argentina vem de combustíveis fósseis. Os 13% restantes são distribuídos entre energia nuclear, hidrelétrica, eólica, solar e de biomassa.

Brasil. A capacidade contratada em 2016 foi de apenas 709 MW, a oitava parte da quantidade total do ano anterior. No entanto, o Brasil aparece como um dos países emergentes que se sobressairão. No país, são contabilizados 360 projetos eólicos e o objetivo é capitalizar os 7 bilhões de dólares em contratos de investimento. A produção total de energia eólica é de quase 10 gigawatts e a energia solar é de 2 gigawatts.

Bolívia. Gera um total de 1.900 MW de suas diversas fontes de energia, mas impôs o desafio de aumentar outros 2.695 MW dentro de quatro anos para exportar eletricidade para os países vizinhos do Cone Sul. Do total, 545 MW serão provenientes de energias renováveis em 2020. Até 2015, 72% da geração de eletricidade era térmica, 25% era proveniente de hidrelétricas e 3% de fontes renováveis. Até 2020, a produção termoelétrica será reduzida a 55%, as usinas hidrelétricas representarão 33% e as alternativas chegarão a 12% da geração. Durante este período, o investimento previsto chega a 1,052 bilhões de dólares.

Chile. Lidera atualmente a revolução solar na América Latina e a capacidade de investir em energia limpa e tem sido o país que mais investiu (7 bilhões de dólares) nos últimos sete anos em projetos de energias renováveis, incluindo sistemas hidrelétricos, eólicos e de biomassa, com mais de 80 projetos solares e eólicos em andamento. A energia renovável é mais barata agora e as usinas solares em funcionamento totalizam 1.345 MW em comparação com o início de 2013, quando somavam apenas 11 MW. A usina de energia solar no deserto de Atacama é a maior da América do Sul e deverá gerar 196 MW em breve. Conta com projetos no valor de 9 bilhões de dólares na área de energia renovável com o objetivo de romper sua dependência dos combustíveis fósseis, que ainda fornecem 55% da produção de eletricidade. O objetivo é que, em 2035, 65% da produção de eletricidade proceda de fontes renováveis, uma porcentagem que aumentará para 70% em 2050.

Foto: Desierto de Atacama, Chile

Colômbia. Embora dependa 70% dos recursos hídricos, condicionados pelas mudanças climáticas, a Colômbia é um dos países latino-americanos mais comprometidos com a energia limpa e tem um enorme potencial em biomassa, uma demanda crescente por etanol e biodiesel e grandes possibilidades de desenvolvimento eólico. Apesar dessas perspectivas, menos de 3% da geração total de energia vem de fontes renováveis não convencionais.

“México, Chile e Uruguai são os países mais atrativos para investir em energias limpas.”

Costa Rica. Durante 252 dias de 2016, a Costa Rica foi abastecida unicamente de energias renováveis, registrando uma matriz de geração que atingiu 74,35% de energia elétrica por meio de usinas hidrelétricas, 12,74% de usinas geotérmicas e 10,30% de origem eólica. As usinas de energia solar e de biomassa produziram 0,01% e 0,74%, respectivamente. Os 1,88% restantes são provenientes de combustíveis fósseis. Nos últimos sete anos, foram investidos 1,7 bilhões de dólares em projetos renováveis de energia solar, eólica e hidrelétrica. Espera-se que as energias renováveis se tornem recursos energéticos estáveis neste país, graças, entre outros fatores, à abundância de chuvas tropicais e à ampla rede de bacias hidrográficas que abastecem as usinas hidrelétrica.

Cuba. O objetivo é instalar mais de 2.100 MW de fontes renováveis: 755 megawatts em usinas de biomassa proveniente da cana de açúcar, 700 em parques solares fotovoltaicos e 633 em parques eólicos. A participação da biomassa tem prioridade para o país na mudança da matriz energética com a instalação de 755 MW através de 19 bioelétricas em usinas açucareiras que produzirão 1.900 GWh/ano e evitarão a emissão de 1.700,00 toneladas de CO2 na atmosfera. Está prevista a instalação de 633 MW em 13 parques eólicos que produzirão mais de 1.000 GWh/ano e evitarão a emissão de mais de 900.000 toneladas de CO2. Cuba conta com uma planta de produção de painéis solares fotovoltaicos com capacidade de produção de 14MW. Até 2030, 24% da geração de energia virá de fontes renováveis.

“Costa Rica, Uruguai e Paraguai lideram o ranking de países nos quais a geração de energia é quase inteiramente proveniente de fontes renováveis.”

El Salvador. A progressão do país tem sido muito boa. Em 2016, lançou sua segunda licitação para usinas de energia renovável, aumentando os 100 MW leiloados dois anos antes até os 170 MW de energia solar e eólica. O mix de produção de energia é dividido entre 43% da geração procedente de combustíveis fósseis, 25% de usinas hidrelétricas e 26% de geotérmicas.

Guatemala. No final de 2016, a Comissão Nacional de Energia Elétrica anunciou os avanços na transformação da matriz energética para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. 67% da geração vem de fontes renováveis, em comparação com 33% originados dos recursos tradicionais. 37% do total corresponde à geração hidráulica, 21,6% ao carvão e 24,2% à biomassa. Outros projetos de energia solar, geotérmica, eólica, gás natural, biogás, diesel e bunker também participam. O país possui a maior usina de energia solar da América Central e do Caribe e a segunda maior da América Latina (o Chile ocupa o primeiro lugar com uma usina de 100 MW). Trata-se do projeto Horus Energy, construído em 175 hectares em Santa Rosa e cuja produção atinge 85 MW.

Foto: Turbinas de viento en América Central

Honduras. É o quarto país da América Latina que mais investiu em energia renovável no ano passado, provavelmente porque é o que mais precisa de capacidade energética ao mesmo tempo em que implementa tecnologia para explorar os recursos naturais. Seu compromisso com a luta contra as mudanças climáticas e o índice de investimento em energias renováveis em relação ao PIB coloca-o como líder na América Central e terceiro em crescimento na América Latina. Este impulso estabelece sua matriz em 60% proveniente da produção de fontes naturais (renováveis) e 40% de fontes térmicas. Até 2020, poderá atingir 100% de produção renovável em conjunto com a Costa Rica.

México. Seu potencial em renováveis, especialmente em energia solar, é encorajador para o futuro. Atinge 52.000 MW em energia hidrelétrica, 13.000 em energia geotérmica, enquanto as usinas eólicas chegam a 70.000.  O México conta com a Aura Solar I, localizada em Baja California Sur, uma das maiores usinas solares da América Latina. Para 2050, o país se propôs a reduzir as emissões de dióxido de carbono em 50%. O México está cotado para liderar a geração de energia através das energias renováveis, com um percentual de 35% da matriz para o ano de 2024.

Nicarágua. Mais da metade da energia gerada vem de fontes renováveis em um país que excede os 3.000 gigawatts de geração elétrica e exporta até 5% da energia total produzida. A energia solar é um fator chave no desenvolvimento da cobertura elétrica em todo o território, que já chega a nove em cada dez cidadãos e se espalha rapidamente pelas áreas rurais que estão fora da cobertura da rede nacional. O objetivo é instalar 12.000 painéis solares no Caribe nicaraguense. Em 2012, a Nicarágua se tornou o quinto país do mundo que mais investiu em energias renováveis em relação ao seu PIB.  Até 2020, pretende-se que 90% da energia venha de fontes renováveis, principalmente eólica, solar e geotérmica.

“A América Latina se destaca por seu enorme potencial de geração de energia a partir de fontes não convencionais, a qual se junta a vontade política dos governos de lutar contra o aquecimento global e a mudança climática.”

Panamá. A Secretaria Nacional de Energia estima que em 2020 a capacidade instalada de energia eólica no país atinja 668 MW. As previsões indicam que em 2050 o objetivo de 70% da energia ser proveniente de fontes renováveis pode ser alcançado.

Peru. A geração elétrica no Peru tem se baseado tradicionalmente em fontes renováveis (85%), mas o desenvolvimento do gás Camisea levou a que esse percentual caísse ao ponto de o gás representar hoje mais de 40% da produção. Esta tendência continuará na próxima década, embora o esgotamento deste recurso implique na diversificação de fontes. As necessidades energéticas do país andino variam dependendo se são áreas urbanas ou rurais. No campo da promoção da energia solar, o desafio é fornecer energia para 2,2 milhões de peruanos das áreas rurais através de meios renováveis, como a instalação de meio milhão de painéis solares.

Paraguai. Se abastece, quase que

Foto: Represa de Itaipú (Paraguay-Brasil)

em sua totalidade, de três usinas hidrelétricas (Itaipú, Acaray e Yacyretá), que cobrem 99,6% da demanda de eletricidade de fontes renováveis e só não chegam a 100% porque existem comunidades remotas que precisam de combustíveis fósseis para subsistir, embora já se esteja trabalhando para corrigir essa situação. O Paraguai é o exemplo de um pequeno país com recursos hídricos para produção de eletricidade que precisa diversificar a geração e apostar mais em fontes eólicas e solares para completar a transformação de sua matriz.

República Dominicana. É o país que mais depende das energias fósseis de todo o continente. 92% de sua produção vem de combustíveis fósseis.

Uruguai. Em apenas uma década, o Uruguai se tornou o país latino-americano com maior proporção de energia elétrica gerada a partir de sistemas eólicos e um dos líderes a nível global, conseguindo reverter desde 2013 sua situação tradicional de déficit de energia, um marco se levarmos em conta que nos últimos 20 anos teve que importar energia para atender sua demanda. Agora, 50% de sua matriz energética vem de fontes renováveis. A energia fotovoltaica também é implementada e aprovam-se leis para o seu desenvolvimento, enquanto a indústria de painéis solares é incentivada fiscalmente. A diversificação da matriz energética permitiu que o Uruguai satisfizesse cerca de 94% de sua necessidade elétrica a partir de energias renováveis.

Venezuela. É o país com as maiores reservas de petróleo do mundo e o quinto maior produtor de hidrocarbonetos, impulsor da proposta contemplada pela OPEP de estabilizar os preços do petróleo com base na aplicação de bandas de produção e não através de uma política de preços. No entanto, a Venezuela tem um enorme potencial em energia eólica e solar, assim como a energia hídrica, que fornece ao país 70% de suas necessidades de eletricidade.

Um seguro adaptado à evolução do setor

O setor de energia renovável está sendo fortalecido globalmente por meio de fortes incentivos e investimentos, principalmente induzidos pelos requisitos ambientais acordados em nível internacional.

Esses investimentos, projetados para tornar as energias renováveis cada vez mais competitivas, envolvem uma rápida evolução do componente tecnológico, dos projetos, materiais e componentes.

Essa evolução traz muitos benefícios, mas também maiores riscos que as seguradoras devem detectar, entender e ter a capacidade de cobrir com produtos adaptados às novas necessidades.

A MAPFRE conta com uma equipe altamente capacitada de especialistas em Energias Renováveis em sua Unidade Global Risks, que permite oferecer uma gestão de riscos líder no mercado e soluções de seguros que cobrem tanto os riscos existentes quanto os novos que se encontram em evolução nesse setor.

Graças à sua participação ativa no desenvolvimento de soluções de seguros para grandes investimentos europeus em instalações de energia renovável, possui um profundo conhecimento técnico em subscrição, sinistros e engenharia, o que lhe permite oferecer soluções ótimas e inovadoras aos clientes para a melhor proteção contra riscos a curto, médio e longo prazo.

Além disso, possui uma ampla rede de profissionais em todos os países da América Latina, que permite operar com ampla autonomia local, proporcionando uma resposta rápida adaptada a cada cliente, especialmente para parques eólicos de menos de 100MW,  contando com um grande expertise na prevenção e controle dos acidentes mais frequentes neste tipo de instalações.

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