Com perspectivas de estabilidade econômica, muito marcadas pelo consumo privado, e com o objetivo de continuar ampliando seu comércio e projeção internacional, a Nicarágua enfrenta o desafio de consolidar seu programa de energia renovável e continuar criando emprego de qualidade.
Segundo o último relatório publicado pelo Banco Central da Nicarágua (BCN) que abordou sua situação econômica no final de 2023, o país está em um momento de crescimento econômico sustentado e conseguiu manter o dinamismo interno apesar do contexto de desaceleração global. Os últimos dados coletados sobre a evolução do PIB, obtidos em 2023, falam de um crescimento de até 3,8%, impulsionado principalmente pelos setores hoteleiro e turístico, exploração mineira, energético, comércio e construção. Esse resultado foi especialmente determinado pela demanda interna, mas também atenuado pela diminuição da demanda externa líquida.
Perspectivas econômicas estáveis
Os dados do Índice Mensal da Atividade Econômica (IMAE) refletiram, no segundo semestre de 2023, um crescimento acumulado de 4,5%, o que apontava para um bom ritmo da atividade econômica no restante do ano. A essas boas perspectivas somaram-se sinais de desaceleração gradual da inflação, que ficou em 6% interanual em outubro. As perspectivas para 2024 são ainda mais baixas, com base na redução da inflação internacional e em um quadro favorável de políticas internas.
Para 2024, o BCN projeta um crescimento da atividade econômica entre 3,5 e 4,5%, acompanhado de uma estabilidade no mercado de trabalho, mantendo uma taxa de desemprego inferior a 3,5%. Segundo essa instituição, referência econômica da região, a Nicarágua demonstrou ter pontos fortes que ajudam a atenuar os riscos e propiciam um crescimento constante. Um dos mais importantes é o grau de abertura ao exterior, que motivou o crescimento das receitas geradas pelo setor externo, fundamental para o posicionamento nicaraguense.
Apoiando um setor externo estável
De acordo com os números oficiais publicados pelo governo nicaraguense, no primeiro semestre de 2023, os rendimentos brutos de investimento estrangeiro direto (IED) totalizaram 1,447 bilhão de dólares, 28,9% do volume registrado no mesmo período de 2022. Isso se deve principalmente a desembolsos maiores de empréstimos entre empresas relacionadas. O IED total representou, então, 17,3% do PIB, 4,9% a mais que em 2022.
A principal fonte de financiamento no fluxo líquido do IED foi o reinvestimento de lucros, com 476,8 milhões de dólares no primeiro semestre de 2023, valor inferior em 72,2 milhões de dólares ao registrado no mesmo período do ano anterior. Os setores que geraram maior reinvestimento de lucros foram:
- Indústria manufatureira (principalmente empresas em regime de zona franca)
- Comércio e serviços
- Serviços financeiros
- Mineração e energia
- Telecomunicações
Os motores da economia nicaraguense
Como mostrado no último relatório econômico e comercial do ICEX, a Nicarágua é um país historicamente agrícola e pecuário. O setor primário contribui com cerca de 16% do PIB da região e emprega mais de 30% da população. Seu território conta com 3,6 milhões de hectares muito férteis, dos quais 67% não estão sendo cultivados, portanto existe um relevante potencial de crescimento. Os cultivos destinados à exportação são, principalmente, de café (15% do total de exportações, no valor de 438 milhões de dólares), açúcar, amendoim, banana e tabaco.
O setor secundário também oferece um cenário promissor para a região. A exploração de minas, que representa cerca de 5% do PIB atualmente, consolidou-se nos últimos anos como essencial para o impulso econômico da Nicarágua, graças à maior demanda internacional por minerais e aos altos preços das matérias-primas que propiciaram a expansão da atividade. Além disso, o setor industrial representa 13% do PIB, apoiado na indústria agrícola e acompanhado de outros, como têxtil, químico ou de borracha.
Por sua vez, e como mencionado no início deste artigo, os benefícios obtidos pelo setor terciário continuam sendo o componente fundamental do PIB da região (53% em 2023), no qual, segundo o ICEX, predominam os serviços de baixa complexidade. As principais atividades dessa área são:
- Comércio (11% do PIB), uma das atividades mais afetadas pela crise
- Construção e habitação (6% do PIB)
- Ensino (6% do PIB)
- Transporte e comunicações (5% do PIB)
- Serviços financeiros (4% do PIB)
Panorama energético
Atualmente, a cobertura elétrica do país é de 95,6%. Uma das iniciativas de destaque no cenário energético da Nicarágua é o Programa Nacional de Eletrificação Sustentável e Energia Renovável (PNESER). O objetivo é elevar o índice de cobertura elétrica na região para oferecer à população acesso a um serviço eficiente e sustentável. As sete diretrizes enfatizadas por esse projeto são:
- Eletrificação rural por extensão de redes
- Padronização do serviço em assentamentos
- Expansão em áreas isoladas com energia renovável
- Pré-investimento e estudo de projetos de geração renovável
- Programas de eficiência energética
- Reforço do sistema de transmissão nas zonas rurais
- Sustentabilidade dos sistemas isolados sob responsabilidade da ENEL.
