A presença feminina no setor segurador é cada vez mais notável; elas ocupam 53% da carga trabalhista na indústria. Embora a paridade ainda não tenha chegado aos cargos de liderança, quase um terço desses cargos é ocupado por mulheres notáveis e de grande prestígio.
Existem diferentes iniciativas para atenuar a lacuna que ainda existe nos cargos de diretoria executiva. A indústria seguradora conta, inclusive, com uma iniciativa setorial: Empower Woman in Insurance (#RedEWI). Esta é uma rede promovida pela INESE que já abrange mais de cem empresas e um Conselho assessor misto composto por homens e mulheres.
Flavia Rodríguez-Ponga, Diretora Geral do Consórcio de Compensação de Seguros
“Felizmente, a vida me levou ao setor de seguros”
Conta com 35 anos de experiência no setor, pois em 1988 foi aprovada no concurso para o Corpo Superior de Inspetores de Finanças do Estado e escolheu a Diretoria Geral de Seguros (DGS) como destino. “Não pensei que gostaria tanto. Após dois anos, passei para a Diretoria Geral de Tributos do Ministério da Fazenda e, três anos depois, tive a honra de ser eleita Subdiretora Geral de Seguros e Política Legislativa”, explica.
Sua carreira impecável a levou a passar por diversos cargos de responsabilidade até ao cargo que ocupa atualmente, apresentando uma evolução muito favorável do setor desde seu início. “Lembro-me das reuniões em que quase todos eram homens e eu era quase uma exceção; hoje em dia já não tenho essa sensação. É preciso avançar mais, mas a diferença é que hoje é normal que as mulheres tenham acesso a cargos de gestão, mesmo que a porcentagem ainda seja baixa”, afirma.
Ela reconhece que tem enfrentado desafios na carreira, não por ser mulher, mas “por ser jovem e por ter acesso rapidamente a cargos de responsabilidade, por constituir uma família grande ou por um pouco de tudo ao mesmo tempo. Enfrentei tudo com naturalidade e profissionalismo”, admite.
As jovens que pensam em iniciar uma carreira no setor de seguros são incentivadas a conhecer os segredos de um setor que tem muito mais atrativos profissionais do que se poderia imaginar. “Tive a oportunidade de mudar e sempre permaneci. Estou em um setor onde me sinto bem e posso trabalhar com grandes profissionais”, finaliza.
María José Laguna, Presidente do Colégio de Mediadores de Seguros de Valladolid
“Temos um trabalho muito bonito e a oportunidade de ajudar as pessoas”
Seu primeiro contato com a mediação foi seu pai, com quem fez estágios de verão enquanto estudava Direito. Assumiu uma empresa familiar que gerencia há mais de vinte anos, “com melhores e piores momentos, mas por enquanto continuamos lá, após duas crises econômicas e uma pandemia que, em nosso caso, afetou os negócios”, reconhece. Em 2004, ingressou no Conselho de Governança do Colégio de Mediadores de Seguros de Valladolid, que preside desde 2020. “Durante muitos anos, fui a única mulher no Conselho; agora, no entanto, somos Gabriela Hermosilla, Vice-Presidente, Diana Alfonso, Tesoureira e eu, Presidente”, explica.
Assim como nesse ambiente, ela diz que o setor vem acolhendo cada vez mais a presença feminina e, assim como aconteceu com a Flavia, sua juventude também representou um desafio. “A confiança precisa ser conquistada e, no início, isso é difícil”, admite. “Devo dizer também que tive colegas dos quais sempre recebi tratamento excepcional; sempre me senti privilegiada por isso, respeitada, apoiada e também valorizada”, acrescenta.
Olhando para o futuro do setor, apela ao apoio à conciliação no âmbito familiar, sobretudo nas companhias de Seguros, onde a jornada de trabalho nem sempre é respeitada. “Acredito que a flexibilidade e o comprometimento dos trabalhadores permitiriam que mais mulheres chegassem a cargos de responsabilidade, historicamente ocupados por homens que tiveram suas necessidades familiares atendidas.”
Às novas gerações, diria com toda a franqueza: desde a segurança que um setor estável proporciona até as desvantagens da mediação em regime de autônomo. Com suas idas e vindas, ela fala com orgulho de sua agremiação. “Fazemos um ótimo trabalho, que nos permite estar em contato com muitas pessoas, não é nada monótono e, quando os clientes reconhecem seu trabalho, é muito gratificante”, conclui.
Susana Pérez, Diretora Geral da INESE
“O setor segurador deve estar orgulhoso de tudo o que está fazendo para alcançar a diversidade de gênero”
“Como a maioria dos profissionais que fazem parte do setor, cheguei por acaso. Conheci Ernesto Caballero, que foi presidente de honra da INESE, a recém-criada escola de negócios do setor. Consegui uma entrevista com a diretora e estou aqui até hoje”, explica Susana. Ela acrescenta que, em seus 35 anos de carreira, passou por diferentes cargos e proprietários, com os quais adquiriu muita experiência. Desde 2013, foi nomeada Diretora Geral na Espanha, o que considera uma função estimulante. “Tive que me reportar ao nosso acionista em Londres, Wilmington plc, o que significou muito aprendizado. Há um ano voltamos a ser uma empresa 100% espanhola e a estabilidade, a confiança e a paixão permanecem as mesmas”, admite.
Em sua posição, ela fala com genuíno orgulho sobre o que “está sendo feito para alcançar a diversidade de gênero no setor. São muitas as empresas, grandes e pequenas, que promovem políticas e medidas muito específicas para acelerar a liderança feminina em suas organizações”, comemora. “A presença de gestoras mulheres já é majoritária em departamentos relevantes, como verificação de conformidade e RH ou treinamento, e em outros já é superior a 40%.”
Pessoalmente, reconhece que não sofreu nenhum incidente de discriminação por ser mulher, apesar de “haver poucas mulheres no setor, especialmente em algumas profissões, como corretores e peritos; eram todos homens. Lembro-me de testes que fiz onde só havia homens e também de algumas situações mais engraçadas nas quais, às vezes, havia algum comentário condescendente porque eu era mulher e jovem”, recorda. Ela também conta que teve que abrir mão de alguns aspectos quando se tornou mãe. “Lembro que quando tive minha segunda filha, como diretora de treinamento, não pude tirar licença integral. Em uma empresa de porte médio, sem ferramentas como as atuais (internet, trabalho remoto) não era tão fácil parar de trabalhar. Era complexo delegar ou distribuir tarefas com um quadro de funcionários reduzido”, afirma.
As mudanças que estão sendo implementadas por governos, empresas e sociedade são promissoras, tanto em termos de paridade quanto de conciliação. “O setor segurador se conscientizou de que as coisas devem mudar e estão trabalhando nisso, embora nem todas as entidades o façam com a mesma velocidade. Acredito que é importante incorporar a igualdade de gênero ao plano estratégico, definir objetivos concretos, trabalhar em ações e monitorá-las”, afirma, além de acrescentar a necessidade de “ouvir as mulheres, conhecer suas barreiras, desafios e ambições, identificando as que têm maior potencial e acompanhá-las com um plano de desenvolvimento e mentoria que as ajude em sua carreira. Por fim, tornar visíveis interna e externamente todas as nossas gestoras, que serão referência para as futuras líderes”, diz. “Toda essa jornada precisa ser feita com a ajuda dos homens; no nosso setor, a liderança masculina continua prevalecendo; precisamos de seu envolvimento, pois isso não é uma ‘coisa de mulheres’. É uma questão de justiça social, mas também de competitividade empresarial onde todos ganhamos”, conclui.
Alicia Soler, Diretora Executiva da AGERS
“Estamos passando por melhorias notáveis no desenvolvimento e na diversidade de gênero”
Seus primeiros passos no setor, como outras colegas, foram em estágios. No caso dela, em 1995, no Winterthur de Valência. “A partir daí, passei a fazer parte da equipe da Argente & Carratalá. Maciste Argente foi meu mentor e peça-chave para empreender o projeto seguinte em Madri, onde liderei a corretora de seguros de uma Corporação Empresarial Automotiva”, relata. Após se especializar em gestão de riscos na AGERS, onde, além de criar um departamento na AICA, atua como Diretora Executiva desde 2014, ela testemunhou o crescimento da comunidade de gestores de riscos na Espanha, de sua contribuição na Europa e do emocionante futuro que os espera.
Sua projeção sobre as mulheres no setor é igualmente promissora. “Embora enfrentemos desafios históricos de representação, percebi um crescimento notável; há uma inclusão maior e o reconhecimento das competências femininas nessas funções tão estratégicas”, afirma. Pessoalmente, enfrentou diversos desafios em sua carreira, como o de divulgar e promover a gestão de riscos. “Na minha perspectiva, esses desafios são semelhantes aos que um homem enfrentaria; no meu caso, não percebo diferenças significativas”, reconhece. “Estamos passando por melhorias notáveis no desenvolvimento e na diversidade de gênero. Tenho o prazer de ver um esforço contínuo para criar ambientes de trabalho que promovam oportunidades iguais e reconhecimento com base no mérito. Juntos, caminhamos para um futuro mais justo para todos”, enfatiza.
Neste contexto de indubitável otimismo, Alicia incentiva as jovens a “explorarem o amplo e dinâmico mundo da gestão de riscos e seguros. Este setor, com foco internacional, oferece experiências nas áreas jurídica, financeira, engenharia e diversas disciplinas”. Seu conselho final? “Focar na educação continuada, explorar diversas disciplinas relacionadas e construir uma rede sólida de mentores e profissionais da indústria”, conclui.