No âmbito da Gestão de Riscos e para proteger, entre outros, o patrimônio da empresa, os riscos devem ser prevenidos, evitados ou mitigados, pois podem afetar a sua atividade e provocar prejuízos.
Nesta ocasião vamos nos concentrar em mitigar o risco de incêndio, e para isso contaremos com os meios de proteção contra incêndio (MPCI) como proteção passiva (vedação de orifícios de passagem de cabos, barreiras corta-fogo, paredes corta-fogo), meios de extinção manuais (extintores, Bies, hidrantes) e meios de extinção automáticos (detecção de incêndio, sprinklers, sistemas de inundação e outros).
Em geral, as empresas realizam um investimento muito importante neste tipo de sistema, de modo que uma falha ou desativação desses sistemas sem qualquer tipo de controle, resulte na desproteção da planta ou área afetada e, em caso de incêndio, o dano pode ser catastrófico.
É por isso que se deve garantir que esses sistemas não sejam apenas bem idealizados, instalados e mantidos, mas também que estejam sempre em operação.
No entanto, em algumas ocasiões, é necessário desativar este tipo de sistema de proteção contra incêndio (PCI) devido à necessidade de:
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- Realizar trabalhos específicos na fábrica.
- Investigar por que se danificam, deterioram ou, se necessário, ampliar esses sistemas de PCI.
- Realizar tarefas de manutenção.
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Nesse caso, devem ser garantidas medidas de segurança alternativas para que, em caso de incêndio, possa ser controlado.
Para realizá-lo, é necessário desenvolver e implementar um procedimento denominado “desativação de meios de proteção contra incêndio” com a finalidade de garantir que a desconexão dos sistemas seja segura e implementar uma série de medidas alternativas de segurança para controle/mitigação de um incêndio.
Ao elaborar um procedimento deste tipo, devem ser considerados os diferentes cenários de risco que podem ocorrer, os sistemas que podem ser desativados e as medidas de segurança alternativas necessárias para cada um dos cenários analisados.
Procedimento escrito de controle de desativação de MPCI
Cada empresa elaborará o procedimento de acordo com o risco intrínseco da atividade, o tamanho da planta e os tipos de sistemas PCI. Os seguintes aspectos devem ser claramente definidos no procedimento:
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- Tipos de desativação: Planejada (trabalhos de manutenção) ou imprevista/emergência (dano).
- Tempo de desativação: Reduzindo ao mínimo possível, inclusive com ações prévias ao reparo do sistema, restabelecendo a disponibilidade da proteção o mais rápido possível.
- Áreas: Equipamentos e instalações de produção que possam ficar desprotegidos devido à desativação dos meios PCI neles existentes.
Estabelecer claramente medidas de segurança adicionais, como as listadas abaixo:
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- Reforçar as medidas preventivas nas áreas afetadas como:
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- Interromper as operações de produção perigosas na área afetada.
- Proibição rigorosa de fumar e seu controle na área afetada.
- Não realizar trabalhos a quente.
- Manter a ordem e limpeza na área afetada.
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- Reforçar as medidas preventivas nas áreas afetadas como:
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- Reforçar a proteção contra incêndios por meios alternativos de proteção contra incêndios, meios manuais de proteção necessários ou outros sistemas.
- Estabelecer rondas de vigilância e inspeção da área afetada com a frequência necessária em função da periculosidade da atividade. Geralmente é recomendado a cada meia hora.
Estabelecer os departamentos ou pessoas envolvidas (gestão, segurança, manutenção, companhia de seguros etc.), suas responsabilidades e as comunicações a serem feitas.
Garantir que os sistemas PCI permaneçam operacionais após a conclusão do trabalho; concluir com sucesso o procedimento para “colocar os sistemas PCI fora de serviço”, informando aos departamentos afetados que os MPCIs já estão operacionais para retomar 100% da atividade da planta.
Permissão para desconexão
Para implantar corretamente este tipo de procedimento de desativação do MPCI, é necessário ter uma autorização de trabalho para gerenciá-lo e controlá-lo. Essa autorização deve incluir:
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- Informações sobre o motivo da desconexão.
- Áreas afetadas.
- Sistemas PCI a serem desativados.
- Medidas necessárias de prevenção e proteção contra incêndios.
- Identificação da pessoa que autoriza a desativação.
- Data e hora em que a desativação dos MPCIs é realizada.
- Identificação da pessoa que acompanhará o processo de desconexão.
- Os trabalhos, as medidas de segurança tomadas enquanto eles estiverem sendo feitos.
- Data e hora de conclusão dos trabalhos e conexão dos sistemas PCI.
- A confirmação do correto arranque dos sistemas PCI.
Como conclusão
Uma empresa que tenha investido na melhoria dos níveis de proteção contra incêndios pela instalação de meios de extinção, mas que sejam desativados sem qualquer tipo de controle, dará origem a uma falsa segurança e, em caso de incêndio, as consequências poderão ser catastróficas. Por essa razão, é absolutamente necessário, caso existam meios de extinção, preparar e implementar este tipo de procedimento de desativação de forma coordenada e segura.
Como gestores de riscos de uma empresa e sempre que contemos com meios de proteção contra incêndios, devemos assegurar a existência desse tipo de procedimento e sua adequada implementação.
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Autora do artigo:
María Teresa Queralt, especialista na área técnica da MAPFRE Global Risks.