O investimento em energia sustentável representa uma oportunidade inigualável para construir um futuro mais limpo, próspero e equitativo para todos. Com o aumento da cooperação internacional, a implementação de políticas adequadas e o apoio às economias em desenvolvimento, é possível alcançar os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).
A transição energética é uma tarefa urgente e monumental para enfrentar os desafios da mudança climática e garantir um futuro sustentável. De acordo com o Relatório Global de Investimentos 2023 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (United Nations Conference on Trade and Development, UNCTAD), estima-se que, para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, será necessário investir aproximadamente 1,5 vez o PIB global atual de agora até 2050.
Esse investimento em energia sustentável é essencial para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris. No entanto, o relatório adverte que o investimento estrangeiro direto (IED) mundial diminuiu 12% em 2022, para 1,3 trilhão de dólares, devido ao menor volume de fluxos e transações financeiras nos países desenvolvidos.
Embora as tendências reais de investimento tenham sido positivas, com um crescimento nos anúncios de novos projetos de investimento na maioria das regiões e setores, a UNCTAD aponta que ainda existem desafios significativos para fechar a lacuna de investimento em setores relevantes para os ODS e para aumentar o investimento em energias renováveis nos países em desenvolvimento.
Potencial de crescimento em países emergentes
O relatório destaca o crescimento significativo do investimento internacional em energia renovável desde a adoção do Acordo de Paris em 2015, mas revela que grande parte desse aumento se concentrou nos países desenvolvidos. Mais de 30 mercados emergentes ainda não registraram um único projeto de investimento internacional de magnitude utilitária.
Nos países desenvolvidos, é necessário multiplicar por 2,5 a capacidade instalada em energias renováveis, enquanto em países menos adiantados (PMA) é necessário multiplicar por um fator próximo a 25.
O investimento em energias renováveis e tecnologias limpas, além de reduzir as emissões de carbono, representa uma oportunidade para diversificar suas economias e fortalecer sua capacidade de inovação tecnológica.
O papel do investimento estrangeiro direto (IED)
O IED desempenha um papel crucial na condução da transição energética nos países em desenvolvimento. Os investidores internacionais não apenas trazem capital, mas também experiência técnica e acesso a tecnologias inovadoras. Globalmente, o financiamento internacional de projetos representa 55% do valor total do financiamento de projetos em energias renováveis. Nos países em desenvolvimento, esse número aumenta significativamente, superando 75% nos PMAs, segundo o relatório.
A colaboração entre governos, instituições financeiras multilaterais e o setor privado pode abrir novas oportunidades para o investimento sustentável e garantir que nenhum país fique para trás na transição energética global.
IED em países em desenvolvimento
O IED em países em desenvolvimento apresentou um crescimento desigual. As principais economias emergentes atraíram a maior parte dos investimentos. As informações da UNCTAD apontam para uma queda do IED na África, após um pico em 2021, sendo o setor energético, tanto extrativo quanto de geração de energia, o maior beneficiário. Na Ásia, as entradas continuaram estáveis, lideradas pela Índia e pela Associação de Nações do Sudeste Asiático (Association of South East Asian Nations, ASEAN). A região do Golfo sofreu uma diminuição no IED, mas houve um aumento significativo no número de anúncios de projetos.
A América Latina e o Caribe apresentaram um aumento recorde de 51%, impulsionado pelos preços das matérias-primas. Ainda assim, o crescimento de novos projetos foi moderado, com um aumento de 14% nos anúncios de novas instalações e uma diminuição nos acordos internacionais de financiamento de projetos.
No entanto, as economias mais fracas e vulneráveis viram os fluxos de IED diminuírem. Os países menos desenvolvidos e pequenos países insulares tiveram aumentos modestos.
Desafios e soluções para atrair investimentos em energia
Um dos principais desafios que os mercados emergentes enfrentam para atrair investimentos significativos em energia é o alto custo do capital. O custo inicial das instalações de energia renovável pode ser proibitivo, desencorajando os investidores. Para superar esse obstáculo, a UNCTAD considera decisiva a implementação de medidas políticas e financeiras que reduzam o risco e melhorem o acesso ao financiamento a taxas acessíveis.
Além disso, o planejamento detalhado do investimento na transição pode ser um fator essencial para atrair capital de investimento. Ao apresentar um roteiro claro e específico para a combinação de energia, necessidades de ativos e deficiências de infraestrutura, oferece-se uma maior certeza sobre as oportunidades e incentiva-se a comercialização de projetos financeiramente viáveis.
Pacto Global de Ação para o Investimento em Energia Sustentável para Todos
Com o objetivo de mobilizar esforços a nível global e regional para acelerar a transição energética, a UNCTAD propõe um Pacto Global de Ação para o Investimento em Energia Sustentável para Todos. Esse pacto tem como base os princípios orientadores que consideram os três objetivos transcendentais da transição energética:
- cumprir os objetivos climáticos
- fornecer energia acessível para todos
- e garantir a segurança energética.
O pacto global de ação para o investimento em energia sustentável para todos apresenta seis pacotes de medidas que apoia:
- Formulação de políticas de investimento
- Parcerias
- Cooperação internacional
- Regional e sul-sul
- Mecanismos de financiamento
- E mercados de financiamento sustentável.
A hora de agir é agora. O investimento em energia sustentável não é apenas essencial para combater as mudanças climáticas, mas também para garantir um futuro próspero para as gerações futuras. Todos os responsáveis, desde governos e empresas a investidores e cidadãos, devem se unir no esforço comum para construir um mundo mais sustentável e resiliente.