Os incêndios podem ter consequências devastadoras nas grandes infraestruturas e é uma das principais causas de perda econômica no setor industrial. Tanto o marco regulatório quanto os profissionais do setor avançaram notadamente em mecanismos para prevenir e combater a ação do fogo, e as edificações contam com equipamentos cada vez mais novos e desenvolvidos. Esta batalha já não é reativa; hoje em dia, existem múltiplas e interessantes linhas de pesquisa em matéria de proteção passiva e ativa.
Os quadros normativos, que abrangem os requerimentos mínimos que devem cumprir as infraestruturas para sua correta segurança e habitabilidade, contemplam o risco de incêndio. Concretamente na Espanha, o “Código Técnico da Edificação” reúne, em um Documento Básico, um conjunto de normas e procedimentos que permitem levar à prática as exigências de segurança para esses casos. Com o objetivo de prevenir e combatê-los, bem como de reduzir o risco para os usuários, há múltiplas linhas de pesquisa e desenvolvimento que são implementadas nas fases de projeção, construção, manutenção e operação das infraestruturas. Suas conclusões podem ser transcendentais já que, além do potencial dano humano e para o meio ambiente, o fogo é um dos principais motivos de prejuízo econômico no setor industrial e nos estabelecimentos comerciais.
Proteção ativa contra incêndios
A localização precoce pode fazer a diferença entre um incidente menor e um grande sinistro. Os sistemas de proteção ativa contra incêndio (PFA) incluem todos os equipamentos e sistemas instalados para a detecção e extinção de incêndios. A localização destes instrumentos, como detectores, extintores ou hidrantes, é chave para a extinção e segurança dos usuários. Um planejamento estrutural é necessário para escolher os pontos adequados, com início na fase de projeção do edifício, onde podem ser incorporadas as medidas de segurança com maior facilidade e menor custo. Especialmente nas grandes cidades, onde coexiste a intensa atividade comercial com o grande índice de população, é importante considerar uma estratégia firme e coordenada para a criação e manutenção de infraestruturas seguras.
A implantação destas soluções é muito mais simples nos denominados prédios inteligentes (Smart Buildings), que contam com sistemas que facilitam a integração das tecnologias empregadas atualmente para otimizar, de maneira considerável, os tempos e a eficácia da resposta contra incêndios. Para introduzir um sistema holístico que abranja toda a infraestrutura, inclusive construções vizinhas, foi referência instrumental a tecnologia BIM (Building Information Modeling), que possibilita tanto a fase de planejamento quanto a gestão do sistema de segurança. Além disso, nos gêmeos digitais gerados por este sistema de modelagem podem ser realizadas simulações de comportamento de incêndio e de evacuação de usuários.
Outra linha de pesquisa que está sendo tratada em matéria de detecção se encontra marcada pela tecnologia IoT (Internet of Things), voltada à interligação de dispositivos ou objetos cotidianos através de uma rede de comunicação pública ou privada. Em concretamente, implanta-se sobre uma série de detectores (sensores de fumaça, temperatura ou visuais, por exemplo) que se comunicam a partir de redes com e sem fio, para colocar em funcionamento alarmes e sistemas de reação: planos de evacuação, sistemas de irrigação ou os avisos correspondentes (para locatários ou forças de segurança). Um passo mais adiante também foi dado e, em incidentes ocorridos em grandes superfícies, foram realizados testes com conexão de sensores térmicos integrados em drones, capazes de gerar informação em tempo real sobre áreas de difícil acesso ou pouca visibilidade.
Este tipo de métodos também foi aplicado em incêndios florestais e encontramos um exemplo no departamento de P+D+i de Rede Elétrica da Espanha que, ciente do perigo que representam, encontra-se desenvolvendo PRODINT: um sistema de sensores instalados nas infraestruturas da rede de transporte de alta tensão que, mediante a análise dos dados da radiação, alertam com maior rapidez do incêndio e reduzem, portanto, os danos causados.
Esta otimização nos sistemas de detecção e alerta melhorou de maneira considerável os desenvolvimentos de modelos de predição da dinâmica e comportamento do fogo. Os modelos preditivos tomam como base a técnica da pesquisa reversa, isto é, chegar às causas e ao causante após o estudo detalhado das consequências. Com a otimização do registro e das pautas dos incêndios, é mais simples criar modelos que indiquem o comportamento de potenciais incêndios. Este conhecimento potencial da propagação e do comportamento humano é chave na previsão de rotas de evacuação.
Estrutura de um sistema IoT contra incêndios
Proteção passiva contra incêndios
São os mecanismos que têm como objetivo deter o fogo e mitigar seus efeitos, facilitando a evacuação das pessoas e a atuação dos serviços de emergência. As medidas de proteção passiva (PFP) não precisam da intervenção ativa para seu correto funcionamento, já que são fundamentadas durante a fase de projeto e se encontram integradas na infraestrutura. Portanto, cimentadas na projeção da construção, novamente as tecnologias de modelagem, como BIM, ou os sistemas cartográficos, facilitam notadamente tanto o trabalho do empreiteiro quanto de todos os gestores do projeto.
Estas medidas passivas, que tentam conter o incêndio o maior tempo possível no menor espaço, podem ser de vários tipos:
– Estruturais, como revestimentos intumescentes que estendam a resistência contra o fogo em tempo e intensidade: como o concreto ou o gesso, com pior condução térmica do que outros materiais.
– Compartimentação, para confinamento do incêndio mediante a construção de estruturas que dificultem sua passagem: divisórias, forjados, juntas de expansão nas paredes, corta-fogo, forros, etc.
– Tratamentos ignífugos ou de isolamento com a incorporação de elementos ou aditivos incombustíveis em materiais inflamáveis (tanto na fase de fabricação quanto posteriormente), para melhorar sua reação perante as chamas.
– Sistemas de controle de fumaça, com setorização e liberação, para arejar os espaços de evacuação e demorar o aquecimento estrutural.
– Evacuação. Em matéria de sinalização, o ponto de partida está marcado no tipo de material empregado, muito mais resistente e protegido contra ameaças de toda índole. Quanto à inovação tecnológica, a inflexão está dada por sistemas de orientação e evacuação inteligentes, com rotas previstas em função do comportamento do fogo. Somando a ambição das tecnologias emergentes, obtiveram-se notáveis sucessos em sistemas sem fio de evacuação em minas.
Aserviço dos profissionais
A tecnologia também foi disruptiva para profissões com grande tradição, como é o caso dos bombeiros. Uma das ferramentas que permitiu a otimização do trabalho foram os Sistemas de Informação Geográfica, ou sistemas GIS, um suporte cartográfico com capacidade para integrar grande quantidade de dados de uma superfície determinada. Graças a esses mapas, um estudo pormenorizado (e multicamada) do terreno pode ser feito, e ainda do potencial ação dos serviços de emergências em caso de incidentes.
Como exemplo recente podemos considerar a Comunidade de Madri, onde a Direção Geral de Proteção Cidadã (dependente do Departamento da Presidência) decidiu realizar um estudo de tempos de reação e condições de deslocamento do corpo na província. Para isso, um completo sistema GIS foi criado, que apresentou o dado de que mais de meio milhão de madrilenos estão muito longe de corpos de bombeiros. Graças a este relatório, foi decidida a construção de três centros médios em Cobeña, Loeches e Villanueva de la Cañada, aos quais irão se unir quatro pequenos em Villarejo de Salvanés, Soto del Real, Lozoya e El Molar.