As matérias processadas de origem petroquímica são parte essencial da fabricação de inúmeros produtos, desde fibras sintéticas até pesticidas. Sua indústria tem um peso fundamental no desenvolvimento econômico de regiões como a América Latina.
A petroquímica, como muitas outras indústrias estratégicas, colocou a gestão de riscos como pilar fundamental de sua filosofia. Por meio de um conjunto de estratégias e procedimentos, buscam identificar, avaliar e controlar os perigos associados às atividades do setor com o objetivo de:
- Prevenir incidentes
- Proteger os trabalhadores
- Proteger o meio ambiente
- Garantir a continuidade de suas operações
Com essas práticas, procuram prevenir ameaças potenciais e minimizar seu impacto no entorno.
Abordagem integral
Como é explicado pelo Instituto Argentino de Segurança (I.A.S.), uma das primeiras associações em escala internacional dedicada especificamente ao assunto, a maioria das empresas opta por adotar uma abordagem integral, que vai desde a identificação precoce de riscos até a implementação de protocolos sólidos de resposta a emergências. O investimento em tecnologias avançadas, juntamente com o treinamento contínuo dos funcionários, são elementos fundamentais na estratégia geral de segurança do trabalho, proteção ambiental e sustentabilidade do setor.
Daniel Luis Sedán, integrante do departamento técnico, explica a importância de que, diante de emergências, as empresas integrem um Plano de Autoproteção que envolva todos os atores envolvidos. “Este plano deve estar dentro das políticas e contemplar a organização interna, os métodos e ações precisas que indiquem como enfrentar uma situação de emergência.
Seu objetivo é proporcionar um conjunto de diretrizes e informações destinadas à adoção de metodologias de procedimento desde a gestão até a necessidade de ajuda externa para facilitar respostas rápidas, concretas e efetivas em situações de emergência”, afirma o especialista.
Avanços das empresas regionais
Sedán expõe como o I.A.S. implementou uma metodologia operacional que busca alcançar “risco zero” ao analisar minuciosamente os riscos potenciais em diversos processos, controlando assim áreas críticas de perigo como fatores sísmicos e meteorológicos. Esta abordagem proativa permite eliminar, minimizar e controlar situações adversas.
“Um exemplo notável de sucesso é o Sistema de Gestão de SeSO — Sistema I.A.S. para a Segurança Total —, desenvolvido na Argentina e reconhecido na América Latina. Esta iniciativa inovadora baseia-se em um índice de risco proativo único, que apoia a busca do risco zero e serve como modelo na região”, explica.
As empresas estão colaborando com as comunidades locais para prevenir impactos negativos e promover a segurança industrial. Ao considerar aspectos ambientais e sociais em todas as facetas de sua operação, incluindo cadeia de suprimentos e relações comerciais, as empresas adotam uma atitude responsável.
Forte compromisso
Para isso, as empresas se envolvem em atividades práticas em nível local, como visitas guiadas, treinamentos e participação em seminários e congressos relacionados a segurança, recursos humanos e proteção ambiental. Esta colaboração reflete um forte compromisso com a segurança e o bem-estar da comunidade, ao mesmo tempo em que contribui para a disseminação de melhores práticas e conhecimentos em toda a região.
Além disso, no âmbito tecnológico, a América Latina está adotando avanços significativos para detectar e gerenciar riscos na indústria petroquímica destacando, novamente, o Sistema de Gestão de Sistema de Saúde e Segurança Ocupacional (SeSO) da Argentina, que inclui um índice de risco proativo único em nível mundial que permite avaliar e mitigar os riscos de maneira antecipada.
“Quanto às empresas, elas tendem a seguir uma conduta responsável e colaborativa a fim de integrar e considerar aspectos ambientais e sociais, complementados com ações teórico-práticas para escolas, abrindo suas portas para visitas guiadas e treinamentos, bem como intervindo ativamente em seminários e congressos de segurança etc.”, reconhece.
Novos desafios do setor
Em situações de emergência, a coordenação entre autoridades, equipes e empresas é fundamental para proteger as comunidades próximas. Como exemplo, o especialista explica que na Argentina são implementados Comitês Zonais de Ajuda Mútua Interempresas (COZAMI) desde os anos 1970, nos quais se realizam capacitações e treinamentos com casos reais de risco em ambientes controlados, contando com equipes altamente profissionalizadas e gestão de crises.
Também destaca os novos riscos emergentes como a cibersegurança e a gestão de produtos químicos avançados, onde o I.A.S. lidera a preparação de empresas na região, graças a uma equipe multidisciplinar de profissionais que fornecem ferramentas sólidas para a gestão de riscos de cibersegurança, promovendo a inovação tecnológica e adaptando-se às necessidades específicas de cada organização. Isso acrescenta a importância de garantir altos padrões de segurança e proteção ambiental em um contexto em constante evolução.
No campo da segurança no trabalho, o foco principal está no desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SeSO) baseado em um plano mestre com direção estratégica que oriente as ações a partir da diretoria executiva até os operadores para prevenir acidentes e riscos no trabalho. A aplicação de técnicas e o treinamento em prevenção dentro e fora do ambiente de trabalho são pilares essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores.
Cultura de segurança
Sedán destaca, ao concluir, a importância de promover uma cultura de segurança em empresas petroquímicas que impulsionem sistemas que abranjam todos os níveis hierárquicos. Isso permitiria definir padrões de segurança em todas as etapas, criando um ambiente de responsabilidade compartilhada e conscientização sobre a importância da segurança na cultura da empresa.
“A gestão de riscos na indústria petroquímica na América Latina evoluiu como uma defesa fundamental para garantir a segurança trabalhista, a proteção ambiental e a operação ininterrupta, abrangendo desde a antecipação e prevenção de riscos até o treinamento constante dos funcionários”, conclui.
Colaborou neste artigo:
Daniel Luis Sedán, professor da escola superior de segurança e higiene industrial integrante do setor técnico do Instituto Argentino de Segurança, onde implementa e audita Normas de Organização e Gestão de SeSO.
Em seus mais de 40 anos de experiência, assumiu cargos como responsável operacional, chefe e gerente de serviço em importantes instituições como Petroquímica Geral Mosconi (PGM) ou o Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE).