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Gerenciamento de sinistros

A maneira como um grande sinistro é gerenciado, levando em conta todos os personagens envolvidos e as medidas para redução de impacto, está diretamente relacionada à sobrevivência da empresa. Aqui, pesa a experiência e o conhecimento da seguradora e dos demais profissionais em prol de um objetivo comum. Leia, abaixo, a visão de especialistas do mercado sobre o assunto.

 

Bernadete Castro, gerente de finanças corporativas e seguros no Grupo EcoRodovias

 Trabalho em equipe

Um bom gerenciamento de sinistro ajuda na redução do impacto financeiro e, também, na recuperação de danos e da imagem da empresa. Para Bernadete Castro, gerente de finanças corporativas e seguros no Grupo EcoRodovias, parte desse resultado vem do relacionamento entre segurado e seguradora, que deve ser cultivado. “Abertura e proximidade fazem com que ambos adquiram conhecimento sobre o outro e acrescentem fluidez à troca de informações, além de influenciar uma posterior negociação de renovação”, explica.

Na busca por minimizar o impacto de um grande sinistro, tanto o gerenciamento de risco quanto o plano de continuidade são muito importantes, mas um seguro bem contratado, com coberturas adequadas a cada tipo de risco, é igualmente fundamental. Essa é a combinação que dá ao mercado – segurador, financeiro e investidor, entre outros – a segurança e tranquilidade nos momentos de tensão.

 

Bernadete ressalta que esse conjunto de informações deve ser revisto e atualizado frente a novos riscos que venham a surgir. “De igual forma, sinistros complexos sempre rendem lições de aprendizado que impactam no planejamento futuro e em ações mais imediatas, como a implantação de novos dispositivos de segurança”, exemplifica.

 

“Abertura e proximidade fazem com que ambos adquiram conhecimento sobre o outro e acrescentem fluidez à troca de informações, além de influenciar uma posterior negociação de renovação”

Administração de crise

A ocorrência de um sinistro é um evento fora da rotina de operação da maioria das empresas, ou seja, algo com que as pessoas não estão habituadas. E, quando um sinistro de média ou grande proporção ocorre, como um incêndio ou uma explosão, a velocidade da retomada dessa operação após o evento pode determinar a continuidade ou não do negócio.

Daniel Landwehrkamp, superintendente executivo de sinistros na MAPFRE

A conclusão é de Daniel Landwehrkamp, superintendente executivo de sinistros na MAPFRE, que defende um planejamento empresarial antecipado das ações, como uma preparação para esse tipo de ocorrência. “Um plano de continuidade de negócios bem estruturado, com ações para administração da crise, contingência, prosseguimento operacional, recuperação (disaster recovery) e retomada, com certeza, faz toda a diferença na redução dos prejuízos e na manutenção do market share da empresa”, enfatiza.

Ocorrido um sinistro, as principais orientações, do ponto de vista da regulação, são: comunicar o evento ao corretor e à seguradora o mais rápido possível, de modo que a equipe de regulação já esteja no local da ocorrência quando liberada pelas autoridades competentes; minimizar os danos, protegendo os salvados e tomando medidas para resguardar e possibilitar a recuperação dos bens danificados; adotar ações que acelerem a retomada das operações e preservar o local da origem do evento, possibilitando um melhor entendimento da causa do mesmo e, se for o caso, o ressarcimento dos danos contra um terceiro.

Landwehrkamp aconselha, ainda, a criação de uma conta contábil para registro de todos os custos decorrentes do evento, o que facilita o processo de regulação. “Nesse momento de crise, o corretor, a seguradora e o regulador de sinistros podem contribuir muito com o segurado, já que lidar com esse tipo de situação é a nossa rotina”, conclui.

A ótica da regulação

Alexandre Leite, diretor técnico na Crawford Brasil

Por se tratar de algo que foge à rotina, a maioria das empresas não está preparada e/ou não possui um plano de contingência para o caso de um grande sinistro. Um evento como esse pede um profundo trabalho da equipe de regulação. Segundo Alexandre Leite, diretor técnico na Crawford Brasil, as etapas a seguir incluem:

1. Obter o mais alto nível de informação sobre a operação do segurado e avaliar os impactos provocados pelo sinistro;

2. Auxiliar o segurado na preparação imediata de um plano de mitigação/contingência das perdas, garantindo, sempre que possível, a continuidade de suas operações;

3. Enviar aos seguradores, ainda nas primeiras horas, informações substanciais sobre os fatos, danos e prejuízos estimados, elementos indispensáveis para avaliar a responsabilidade da apólice e a constituição das reservas técnicas;

 

 

4. Se necessário, no caso de eventos de alta complexidade e particularidade, auxiliar na escolha de especialistas que devem contribuir na análise dos temas.

“No campo da regulação, o mercado nacional ainda é jovem e não há uma definição clara ou critérios preestabelecidos para a execução dos trabalhos. Por conta disso, o atendimento profissional se baseia muito na experiência acumulada, ao longo dos anos, pelo regulador. Os mercados internacionais devem servir de modelo para regulamentação da profissão e criação de certificados e licenças que habilitem os reguladores em diferentes níveis de atuação, colaborando para o entendimento que o segurado tem da regulação, interpretada, erroneamente, como uma etapa extremamente burocrática”, completa o executivo.

Positivamente, vale dizer que, mesmo com a recessão econômica do país, há empresas multinacionais que têm investido significativamente na capacitação de seus profissionais, algo que a MAPFRE coloca como uma de suas prioridades. Além disso, o avanço tecnológico tem sido uma importante ferramenta, tornando as análises mais eficientes e dinâmicas.

“No campo da regulação, o mercado nacional ainda é jovem e não há uma definição clara ou critérios preestabelecidos para a execução dos trabalhos.”

Dinamismo, ação e reação

Sheila Garcia, diretora de sinistros na Aon

“A principal preocupação dos segurados é retomar os negócios o mais rápido possível e a ocorrência de um grande sinistro representa ‘o momento da verdade”, diz Sheila Garcia, diretora de sinistros na Aon.

Para ela, o consultor de sinistros pode ser um parceiro fundamental, orientando as ações imediatas sem comprometer as exigências da regulação, atuando para reduzir, mitigar ou evitar maiores danos e buscando a rápida recuperação dos prejuízos. A MAPFRE compartilha dessa visão.

Diante de um grande sinistro, o papel do ressegurador é apoiar técnica e financeiramente o segurador. Além disso, sua participação ativa na regulação auxilia o bom andamento do processo, ajudando a reduzir os prazos das etapas necessárias para a efetivação dos pagamentos. “Sinistros indenizados corretamente transmitem aos segurados a credibilidade dos interlocutores desse mercado – corretores, seguradoras e resseguradoras”, destaca Sheila.

A cultura de risco no Brasil ainda é incipiente, mas as empresas nacionais têm buscado benchmarking e demonstram diligência em implantar seu próprio formato de gerenciamento.

 

Por isso, o gerenciamento de risco deve ser um processo dinâmico, que leva em conta a frequência e severidade dos eventos para a construção de um planejamento adequado.

É preciso dizer, também, que se aprende muito com a ocorrência de um sinistro. Por isso, o gerenciamento de risco deve ser um processo dinâmico, que leva em conta a frequência e severidade dos eventos para a construção de um planejamento adequado. “As informações obtidas colaboram para uma melhor adequação das coberturas de seguros, limites e franquias, visando atender às necessidades da operação dos clientes”, finaliza a executiva.

 

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