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Corredores digitais: traçando o comércio internacional

O transporte de mercadorias não tem como objeto único o deslocamento de produtos de um ponto A até um ponto B; também envolve a gestão de dados e documentos de caráter confidencial ao longo de toda a cadeia de fornecimento e cuja segurança deve ser garantida.

Com esse objetivo, existem ambientes virtuais que facilitam a agilidade administrativa, ao mesmo tempo em que protegem os dados e impulsionam um serviço mais sustentável e eficaz. “Os corredores digitais nascem diante da necessidade de coordenar todos os atores que participam da gestão da cadeia de fornecimento em um mesmo ecossistema digital, utilizando tecnologias como Blockchain para oferecer garantias de segurança documental”, explica Cristina Martín Lorenzo, CEO da Usyncro, uma iniciativa espanhola com anos de experiência bem-sucedida e que foi premiada pela UNCTAD (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento).

Fabricantes, transportadores, clientes, bancos, agentes alfandegários, transitários e autoridades dos diferentes países pelos quais a mercadoria transita podem, desta maneira, compartilhar informações – mantendo a governança dos dados – vinculadas ao envio, agilizando a operação, reduzindo as possibilidades de fraude e eliminando tanto o papel como os deslocamentos desnecessários.

Uma mudança de paradigma

Embora a transição tecnológica esteja sendo global, a transformação nem sempre é simples, especialmente em setores tradicionais que requerem mudanças de paradigma. “O esforço diante da digitalização é grande. A atividade logística e o transporte trabalham com documentação baseada em papel e a legislação para acompanhar a mudança nunca termina de ser implementada. Já existem diretivas europeias que estão abrindo caminho, como a CSRD ou requisitos em torno do transporte de alguns produtos (como a CBAM), para uma gestão mais sustentável “, afirma a especialista.

Neste sentido, a Usyncro propõe a incorporação de funções que acompanham a evolução da gestão aduaneira europeia, mas que também ajudam no grande desafio de assimilação da tecnologia. “Os profissionais têm medo de ser substituídos quando, na realidade, procuramos dar mais valor ao trabalho humano”, afirma. A digitalização, longe de se limitar a uma troca de formato, procura criar um ambiente global e digital no qual técnicas como a Inteligência Artificial (IA), o Machine Learning, o Blockchain e a robótica sejam o presente.

Este tipo de tecnologia, e mais concretamente o Blockchain, proporciona às cadeias de fornecimento não só a imutabilidade da documentação pertinente, mas também a rastreabilidade e a possibilidade de acesso aos dados de forma descentralizada. “Em combinação com a IA, por exemplo, permite a automatização de muitos processos repetitivos e identifica agilmente os erros, reduzindo possibilidades de fraude”, expõe Martín Lorenzo. Desta maneira, compradores, vendedores e demais intervenientes contam com uma maneira de autenticar os dados de suas trocas comerciais, solucionando trâmites que poderiam envolver de 20 a 50 gestões apenas fazendo upload digital de um documento e compartilhando-o em um mesmo espaço virtual.

Com alto impacto na gestão de riscos

Os corredores digitais permitem compartilhar informações em um ambiente seguro, mas sempre mantendo a governança dos dados e ampliando seu alcance entre autoridades de diferentes países. “Precisamos lembrar que a logística gerencia dados muito sensíveis e estratégicos, por isso é essencial que cada ator, em seu contexto, tenha a certeza de que a documentação compartilhada não é modificada”, afirma a Usyncro. A segurança e transparência oferecidas pelo Blockchain permitiram avançar em direção a uma oferta de serviços complementares para todos os atores da cadeia de fornecimento: coordenar a documentação associada a uma operação entre todos os que nela intervêm por meio de um registro único, distribuído e sincronizado, acessível e verificável pelos atores envolvidos na transação, incluindo instituições oficiais como a alfândega ou a própria agência tributária.

Além disso, “as garantias oferecidas por esta tecnologia são úteis na contratação de seguros para as mercadorias ou financiamento, com suas correspondentes melhorias nos prêmios ou condições graças à contribuição de documentação transparente e validada. Da mesma forma, a rastreabilidade e a possibilidade de criar modelos preditivos diante de conflitos globais ou de riscos da cadeia de fornecimento é um avanço substancial no âmbito dos seguros e da avaliação para determinadas cargas”, expõe Martín Lorenzo.

Um desenvolvimento progressivo

Como evoluiu e quais foram os marcos desta trajetória de sucesso, até chegar ao reconhecimento por parte da ONU?

A consolidação desta tecnologia teve diferentes fases de desenvolvimento, com testes de diferente magnitude e distância para comprovar sua eficácia. O exemplo de Usyncro começou com uma ideia surgida em 2018 a partir da experiência de sua CEO, Cristina Martín, que partiu de um projeto centrado no âmbito aduaneiro e que em 2021 assumiu um aspecto integral. “Foi quando esta plataforma SaaS (aberta, flexível e interoperável com outras tecnologias) nasceu, com a visão de aproximar tecnologias disruptivas, como IA ou Blockchain, para empresas de todos os tamanhos”, e que conta com o propósito agregado de “reduzir a pegada de carbono da operação por meio da digitalização e da conectividade de todos os atores da cadeia de fornecimento, em um firme propósito de impulsionar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirma a fundadora. “A interoperabilidade entre plataformas e tecnologias faz parte do nosso DNA para conseguir uma gestão da cadeia de fornecimento mais segura, ágil e sustentável”, conclui.

Este artigo contou com a colaboração de…

Cristina Martin Usyncro

Cristina Martín Lorenzo é formada em engenharia química, tem um MBA Executive pelo IE e é certificada como Operador de Transporte e Carga Aérea. Fundou há quase 20 anos a empresa transitária ATML, e atualmente é CEO da Usyncro, uma solução multimodal ganhadora em 2024 do desafio à inovação das Nações Unidas (UNCTAD); e em 2023 também foi reconhecida como a melhor Plataforma Tecnológica para o Comércio pela organização internacional Trade Finance Global. Cristina trabalha na transformação digital do setor logístico na diretoria executiva de associações importantes como ATEIA Madrid e Foro Madcargo. É membro do conselho de administração da rede ALASTRIA e do Cluster de Blockchain da Comunidade de Madri; e faz parte da Comissão de Tecnologia da ALACAT para impulsionar a colaboração digital aduaneira entre Espanha e América Latina.

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