A Associação de Investigação para a Segurança de Vidas e Bens, Cepreven, desde sua fundação, há 43 anos, tem se caracterizado pela busca do conhecimento em prevenção e sua canalização à sociedade através da divulgação e da formação.
A Associação
Cepreven é fruto do desejo de uns visionários adiantados a seu tempo. Pessoas de diferentes setores: seguradores, fabricantes e instaladores, bombeiros, funcionários públicos que, após observar e analisar o que acontecia além de nossas fronteiras, decidiram imitar os países mais avançados e criaram uma associação que promovesse a prevenção em todos os âmbitos. Assim nasceu a “Associação de Investigação para a Segurança de Vidas e Bens – Centro Nacional de Prevenção de Danos e Perdas – Cepreven”.
Não podemos perder a perspectiva histórica do momento de sua gestação, no período da transição na Espanha, eram tempos difíceis para falar de prevenção. Mas, apesar disso, a ideia desses pioneiros funcionou e deu lugar à Associação que hoje tenho a honra de dirigir.
A ata fundacional da associação foi assinada no dia de São Sebastião de 1976, em 20 de janeiro, e a assembleia de constituição foi convocada poucos dias depois, em 20 de fevereiro. Nela compareceram personagens ilustres, como o Almirante Boado, primeiro presidente, Félix Mansilla, Luis Monzó, Pedro Lamet, Ernesto Caballero, Carlos Sunyer e José Luis Esteva, entre outros, além do recém designado diretor da associação, Miguel Angel Saldaña, que quase milagrosamente conseguiu posicioná-la como a entidade de maior prestígio no setor da prevenção e perpetuá-la até sua aposentadoria, em 2007.
Contamos com o apoio de 170 entidades associadas, reunidas em três grandes blocos: Seguradores, fabricantes e instaladores de sistemas de prevenção contra incêndios e usuários da segurança
Na atualidade, a Cepreven mantém o espírito de seus fundadores. Em um mundo mutável, com novos riscos como a cibersegurança, riscos climáticos ou tecnológicos, terrorismo e outros que estão prestes a chegar, sempre haverá lugar para a prevenção.
Contamos com o apoio de 170 entidades associadas, reunidas em três grandes blocos: Seguradores, fabricantes e instaladores de sistemas de prevenção contra incêndios e usuários da segurança. Neste último bloco participam empresas de outros setores, corpos de bombeiros e instituições. Esta configuração, desenhada pelos fundadores, permitiu manter a imparcialidade de todas nossas ações e nos posicionou como referência na prevenção de incêndios na Espanha.
Desenvolvemos uma extensa atividade de formação, ministrando cursos próprios ou em parceria com outras entidades, como NFPA (Associação Nacional de Proteção contra o Fogo), de quem somos representantes na Espanha, bem como formações acordadas com outras associações europeias no âmbito da CFPA (Confederação Europeia das Associações de Proteção Contra Incêndios). Por nossas salas de aula já passaram mais de 52 mil alunos. A divulgação é outro dos pilares da Associação. Na atualidade, centra-se em três estratégias: jornadas gratuitas sobre temas relacionados com a prevenção, edição de publicações especializadas e publicações de conteúdos em redes sociais, como o vídeo de “uso do extintor”, com mais de 55 mil visualizações.
Em 2007, Cepreven criou Serviços Técnicos Cepretec, sendo o único acionista. O objetivo era atender à crescente demanda por serviços técnicos para empresas, que inicialmente eram abordados por um departamento específico da Associação. Cepretec presta serviços para a Associação e para empresas e outras entidades, das quais é possível destacar auditorias de segurança contra incêndios, certificação de instalações de PCI, elaboração e implantação de planos de emergência ou validação de sistemas de segurança equivalente mediante simulação por computador.
Cepreven e MAPFRE
A relação entre Mapfre e Cepreven começou em 1978, com a incorporação de FREMAP como membro de número e, a partir de então, esteve presente na Associação através da Fundação Mapfre, Mapfre Industrial ou Mapfre España. Em 2003, incorporou-se em nosso Conselho de Administração como vogal e, na atualidade, é representada por Fernando López Morón.
Além deste vínculo formal, a colaboração sempre foi muito fluida. As solicitações cruzadas de participação em qualquer atividade foram atendidas sempre por ambas as entidades. Atualmente, MAPFRE Global Risks confia na Cepreven para a formação de seus inspetores de riscos na área de prevenção contra incêndios e participa do Comitê de Qualificação de Engenharia de Proteção Contra Incêndio da Cepreven.
Atualmente, MAPFRE Global Risks confia na Cepreven para a formação de seus inspetores de riscos na área de prevenção contra incêndios.
A importância da formação na Prevenção
De todas as acepções apresentadas no Dicionário da Real Academia da Língua para a palavra “prevenção”, a que melhor coincide com nossa atividade é a segunda: “2. f. Preparação e disposição que se faz antecipadamente para evitar um risco ou executar alguma coisa”. Esta frase inclui a essência da prevenção: para evitar um risco é preciso se preparar e contar com os meios humanos ou materiais necessários. Os conceitos de risco e prevenção são alheios à natureza humana, nossa curiosidade inata está presente a partir do nascimento e nos destina a enfrentar riscos desconhecidos. Conforme vamos amadurecendo, com base nas experiências ruins, percebemos que há coisas que é melhor não fazer; começamos a conhecer o conceito de risco e, portanto, de prevenção. Vamos compreendendo novos riscos, aprendemos a tratá-los e, com a idade, tornamo-nos mais previsores.
O problema surge quando não somos capazes de identificar algum dos riscos ao redor ou não calculamos sua periculosidade de forma adequada, geralmente pela escassa frequência com que acontecem. O desconhecimento, na maioria dos casos, e a inconsciência, em outros, torna-nos incapazes de resolver certas ameaças de forma satisfatória. Só através da formação e da conscientização podemos superar esta situação. Formação para divulgar todas as ameaças que nos deparam, como controlá-las ou mitigá-las, como podem se apresentar e quais são as pautas que a seguir se estivermos envolvidos nesse acontecimento. Mas não só é necessário formar; é preciso conscientizar às pessoas. Conscientizar não é outra coisa do que convencer que isso que estamos falando pode acontecer em qualquer momento e pode com qualquer um. É preciso banir a sensação do “nunca acontece nada”, ou a ideia de “alguma coisa fizeram para que isso tenha acontecido”. Acidentes acontecem, alguns podem ser evitados, mas outros devemos assumi-los e nos preparar para quando acontecerem.
Formar e conscientizar, conscientizar e formar a partir da escola. Esse é o caminho iniciado e tenho certeza dará seus resultados em um futuro não muito longínquo.
A prevenção sempre leva um sobrenome e sua posição na sociedade dependerá dele. Avançou-se muito na prevenção dos riscos profissionais, a mesma coisa ocorre com a prevenção dos acidentes de trânsito. Uma legislação estrita em qualquer matéria, relacionada com a segurança das pessoas, é uma boa base para começar. Campanhas de conscientização são o seguinte passo para que a mensagem chegue aos destinatários e não seja esquecida no BOE (Boletim Oficial do Estado). Mas, se não existir um controle sério e exemplificativo, tudo ficará somente em boas intenções. Um exemplo pode ser a limitação de velocidade nos veículos: a proibição de circular a mais de 120 km/h foi imposta com a primeira crise do petróleo, lá no início dos anos 70, mas até a implantação da carteira por pontos e o incremento das sanções não deixava de ser um limite teórico.
Formar e conscientizar, conscientizar e formar a partir da escola. Esse é o caminho iniciado e tenho certeza dará seus resultados em um futuro não muito longínquo.
Se nos adentrarmos especificamente no tema da prevenção dos incêndios, tudo fica mais complexo. Um elemento diferenciador é a falta de estatísticas sérias relacionadas com os incêndios em prédios. Diferentemente do que acontece com os incêndios florestais, que possuem grande quantidade de dados, a única estatística publicada periodicamente é aquela elaborada desde 2006 pela Fundación MAPFRE, em parceria com a APTB (ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DE TÉCNICOS DE BOMBEIROS), que inclui às vítimas de incêndios em moradias. Não há valores agregados de custos, tipologias de construção de prédios, indústrias afetadas, etc. “Para gerenciar algo, é preciso medi-lo”.
Em 2017, foram 144 os mortos em incêndios de casas. Esta quantificação pôs os incêndios nos jornais da televisão, mas as campanhas de conscientização não chegam até o cidadão. Muitas vezes, também não alcançam sequer a empresários, que só se preocupam por contar com um papel que certifique o cumprimento de todas as disposições legislativas necessárias.
Avançou-se muito em segurança rodoviária. Qualquer pessoa que comprar um carro, exigirá que ele tenha todos os airbags possíveis e, em média, pagará vários milhares de euros por eles, sem que ninguém o obrigue. No entanto, quase ninguém instala um detector de incêndios, que custa menos que uma rodada de cerveja com os amigos, e a maioria fica horrorizada quando chega o orçamento da manutenção dos extintores no prédio, entregando-o à melhor oferta, sem considerar que de seu estado dependerá nossa vida em um futuro próximo. Apesar de que o destino da grande maioria de uns e outros será um desmantelamento ou um aterro, sem terem sido nunca utilizados, a diferente percepção dos riscos nos faz tratá-los de forma muito diferenciada.
Formar e conscientizar, conscientizar e formar a partir da escola. Esse é o caminho iniciado e tenho certeza dará seus resultados em um futuro não muito longínquo.
Âmbito internacional. Troca de experiências entre países
Cepreven nasceu com vocação internacional. Não sem motivo sua criação foi inspirada em órgãos europeus de ascendência seguradora, como VdS alemão, CNPP francês ou ANPI belga, entes de referência na época que atualmente continuam sendo referentes a nível internacional.
Desde seus inícios, incorporou-se à CFPA Europe (Confederation of Fire Protection Associations Europe), que reúne associações com objetivos similares de 23 países europeus. Esta confederação, a mais ativa de todas, recebe as melhores práticas desenvolvidas em cada um dos países representados e as coloca à disposição dos outros, através de publicações, cursos e jornadas. A atividade é canalizada através de três comissões de trabalho: “Training”, “Marketing” e “Guidelines”. Esta última, divide-se em três subcomissões: “Fire Prevention”, “Natural Hazards” e “Security”. A comissão de formação elabora programas comuns que são ministrados nos diferentes países, com o mesmo programa e o mesmo diploma ou certificação. A comissão de publicações elabora manuais sobre diferentes temas relacionados à prevenção. Na web de CFPA-E é possível descarregar os 55 documentos já elaborados. A comissão de Marketing é a encarregada de publicitar todo o trabalho realizado. Cepreven faz parte do “Management Committe”, e preside as comissões de “Marketing” e “Guidelines”
Outro dos fóruns europeus onde participamos é “Preventium Forum” , de “Insurance Europe”, por designação de Unespa. Neste fórum, prevencionistas e seguradores da Europa se reúnem com o fim de conhecer as últimas investigações realizadas em prevenção e extinção de incêndios, segurança contra roubos e intrusão, e cibersegurança. Através de suas numerosas comissões, são redigidas as diferentes regras CEA para o desenho de instalações de proteção contra incêndios.
A nível supra europeu, fazemos parte da Confederation of Fire Protection Associations-International (CFPA-I), onde confluem, além das associações europeias, instituições da América, Ásia, África e Oceania, da NFPA americana à FPAA australiana.
Assim mesmo, mantemos estreita colaboração com a National Fire Protection Association (NFPA), sendo seus representantes na Espanha para a distribuição de publicações e ministração de cursos.
Toda a atividade internacional que desenvolvemos tem uma única finalidade. Conhecer em primeira mão as melhores práticas realizadas em outros países em matéria de prevenção, para difundi-las e implantá-las em nosso país, sempre com o incondicional apoio de todos os associados.
Jon Michelena, Diretor General de Cepreven
Jon Michelena se incorporó a Cepreven en 1987 como responsable del área de seguridad contra robo e intrusión. En 2007 se hizo cargo de la empresa de servicios del grupo, Cepretec, como Director Gerente. En 2012 fue nombrado Director General de Cepreven, cargo que ocupa en la actualidad. Representa a España en el “Preventium Forum” de “Insurance Europe” y participa en numerosas comisiones de trabajo nacionales e internacionales, relacionadas con la prevención de Incendios. Escribe habitualmente para la prensa sectorial y participa como ponente en cursos y jornadas de prevención.