Home > Revista Gerência de Riscos e Seguros > Estudos > A tecnologia transforma a mobilidade na indústria
Factory worker using application on mobile smartphone to operate automation for modern trade. Checking order in large warehouse. Import and export the shipping cargo.

A tecnologia transforma a mobilidade na indústria

As tecnologias tem impactado, principalmente, nos processos de produção e que possibilitou a digitalização integral da indústria: dos elementos físicos aos canais de informação e interconexão. A logística está totalmente envolvida nessa transformação digital, que está revolucionando a mobilidade e otimizando a cadeia de suprimentos com ferramentas inovadoras, que potencializam a mudança rumo a um novo modelo de negócio mais eficaz e sustentável.

Esse avanço deriva em novas programações que garantem uma produção voltada para o tipo de empresa e de consumidor, visando reduzir o estoque e o armazenamento em busca de uma gestão mais eficiente segundo às previsões da demanda, uma otimização nas rotas dos transportes (graças a sistemas de geolocalização e ao conhecimento da localização e do acompanhamento da mercadoria) e à potencialização da comunicação entre todos os agentes envolvidos na atividade.

“Toda esta revolução tecnológica permite o vínculo dos processos dentro das empresas de maneira eficiente e econômica, baseado em um ambiente de máxima confiabilidade, visibilidade e rapidez em um contexto de hiperconectividade entre os atores: máquinas, processos, trabalhadores, provedores e clientes, com integração em funções além da própria logística (reabastecimento, gestão de incidências, rastreabilidade, etc.) como podem ser as de engenharia ou manutenção de instalações, em um ambiente inteligente e flexível”, afirma Ramón García, diretor de inovação e projetos do Centro Espanhol de Logística (CEL).

Em especial, essa transformação pode ser observada em soluções que vão da incorporação gradativa na atividade dos veículos de energias alternativas até a implementação de serviços baseados na colaboração entre diferentes agentes, como a entrega em pontos de conveniência e armários inteligentes, ou o compartilhamento de recursos tanto no transporte quanto no armazenamento urbano. Nesse sentido, García oferece o exemplo das microplataformas de distribuição compartilhadas. Em qualquer caso, considera que “o sucesso para esse tipo de soluções dependerá de uma importante mudança cultural dos agentes tradicionais e da criação de padrões e ferramentas que possibilitem a interoperabilidade de maneira eficiente”.

O uso intensivo das ferramentas tecnológicas em todo o processo logístico, a partir da recepção do pedido até a entrega da mercadoria, permite que, junto com aplicativos já integramente implementados, como otimizadores de rotas ou de gerenciamento de frotas, sejam incorporados outros novos e mais inovadores, baseados em tecnologia avançada:

Cloud Computing. Metabuscadores na nuvem que facilitam a contratação online de serviços de entregas e envios para empresas e e-Commerce; Big Data, para a gestão de ativos e previsão da demanda nas rodovias; ou aplicativos Blockchain em ambientes de múltiplas transações, como os serviços logísticos dos portos.

Mobile. Tecnologia 4G para o transporte especializado de mercadorias (perigosas, com condições de conservação específicas, etc.), ou serviço de mensagens instantâneas destinado à comunicação entre veículos, que apresenta múltiplas aplicações informativas e de resolução de incidências.

IoT. Embarcações autônomas baseadas em sistemas inteligentes e sensores para transporte e supervisão em situações de perigo; soluções digitais de transformação para portos inteligentes, que potencializam o comércio e a logística (integradas em smart cities); ou drones para a distribuição regular de bens de primeira necessidade em áreas afastadas ou durante emergências.

 

O desafio da segurança

Essa crescente interconexão demandada pela Indústria 4.0 deve enfrentar, irremediavelmente, problemas relativos à segurança, porque a logística conectada permite o surgimento de um novo tipo de criminalidade digital.

A transformação digital está derivando em uma produção mais customizada, na otimização das rotas de transportes e na potencialização da interconexão entre os agentes

Para afrontar essa situação estão surgindo, como assinala o diretor de inovação e projetos do CEL, diversas regulamentações, como a NIS e a de Proteção de Infraestruturas Críticas, que tentam remediar o risco observado pelos incidentes cibernéticos contínuos na cadeia de suprimentos e que podem causar perdas econômicas importantes.

Mas a segurança cibernética não é a única preocupação em relação à proteção que devem enfrentar as empresas logísticas diante da incursão tecnológica. O controle de unidades de veículos industriais para evitar roubos é outro aspecto em que, tanto os sistemas tradicionais de gerenciamento de frotas quanto os dispositivos baseados em combinação de tecnologias de sonorização (IoT, GPS, 4G, etc.), favorecem um grande avanço no monitoramento completo da origem ao destino, tanto do ambiente quanto da mercadoria.

Além disso, é preciso considerar que a cadeia de suprimentos está integrada por múltiplos agentes de diferentes portes e entre eles pode acontecer uma brecha técnica que interceda no desenvolvimento ótimo do processo logístico e em seus mecanismos de segurança. Por isso, para Ramón García “uma mudança cultural se torna necessária e que todas as pequenas e médias empresas entendam que a tecnologia não tem porque representar um investimento elevado, que existem mecanismos como o pagamento por uso ou o Cloud Computing, em que qualquer companhia pode utilizar serviços avançados e ferramentas muito complexas por preços acessíveis”.

Reformulação dos modelos de negócio

Todo esse contínuo processo de transformação digital derivará em que a gestão da cadeia de suprimentos tenha que ser adaptada e em que as mudanças nos modelos de produção, compra e consumo devam ser enfrentados. Isso demandará “o desenvolvimento ou o consenso de padrões que tornem mais fácil, econômica e interoperável a implantação”. Este panorama exige:

– Entendimento do que está acontecendo, das oportunidades e ameaças. “As organizações que assumam maiores capacidades digitais não só incrementarão sua capacidade produtiva e melhorarão sua qualidade e relação com o cliente, mas também serão pioneiras em ambientes que lhes permitirão explorar novas possibilidades de negócio, assegurando as atuais e defendendo-se contra possíveis intrusões de empresas, mesmo alheias ao negócio, mas com altas capacidades tecnológicas”, defende Ramón García.

Firme compromisso com a inovação e o desenvolvimento tecnológico. Para isso, torna-se necessário educar o mercado relativamente à existência e possibilidades dos novos serviços e modalidades de prestação, pregando sempre pela confluência tecnológica: “Não existe uma única solução para adaptar-se com sucesso ao novo ambiente. Contudo, devem ser aplicadas de maneira conjunta para melhorar a operação e o serviço oferecidos”.

Tomada de decisões quanto ao posicionamento e o modelo de negócio. A empresa deve contar com ampla informação sobre as tecnologias aplicáveis em seu âmbito de atividade. Isto é, que tenham a possibilidade de conhecer as soluções existentes no mercado para cada problemática concreta, previamente identificada e analisada, e adaptada ao tamanho e aos requerimentos de cada organização.

Contratação de profissionais e desenvolvimento da cultura empresarial adequada. Para aplicar todo o potencial tecnológico, as empresas precisam de “profissionais com formação sólida a nível funcional em logística, capazes de identificar e analisar os pontos críticos e determinar o rumo para o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos conectada”.

Geração de forte sensibilidade respeito da cibersegurança. “As organizações devem adequar seus processos e modelos de negócio para que, ao incorporar todas as medidas de segurança a seu alcance, obtenham um nível de proteção segundo o apetite de risco que estabeleceram e os níveis de cumprimento normativo e ético que desejem alcançar”, assevera García.

Liderar a mudança. O setor logístico deve ser um dos pilares da Indústria 4.0, tanto pelo seu peso nos mercados internacionais quanto pela capacidade de gerar relações comerciais a grande escala.

Fonte: “A transformação digital dos setores do transporte e de logística”, da Fundação Orange

O impulso do comércio eletrônico

Assim, se existe um aspecto de vital relevância no curso do setor logístico é o do relacionado com o auge do e-Commerce, cujas vendas globais aumentaram 13% em 2017 e já alcançaram um volume de negócios próximo aos 29 trilhões de dólares, segundo a última estatística da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). “Os dados são esclarecedores na hora de refletir o crescimento sustentado do comércio eletrônico e a existência de uma oferta de consumo digital cada vez mais variada e inovadora, onde a logística funciona como habilitadora e catalisadora”, esclarece García.

Esses volumes de negócio gerenciados pelo comércio eletrônico obrigaram o setor logístico a reinventar-se, com a implementação de soluções para um rápido reabastecimento, ferramentas que possibilitem alta eficiência dos processos operacionais dos depósitos, sistemas de gestão de transporte (TMS), etc.

Nessa ordem, o principal desafio logístico que a indústria deve enfrentar, na opinião de García, é a distribuição urbana de mercadorias (DUM), já que ao ápice pela demanda online se unem as novas regulamentações de mobilidade mais restritivas para o acesso de veículos mais poluentes nas grandes cidades. Então, a busca por soluções tecnológicas inovadoras se torna essencial para se adaptar a esse complicado meio e manter a eficiência no serviço seja “capital para o desenvolvimento do comércio”.

 

Colaborou na elaboração desta matéria…

Ramón García é diretor de inovação e projetos do Centro Espanhol de Logística (CEL), diretor geral do Centro de Inovação em Logística e Transportes de Mercadorias (Citet) e vice-presidente da associação eAPyme. Possui mais de 20 anos de experiência na área da gestão da cadeia de suprimentos em empresas do âmbito multinacional (BASF, GlaxoSmithKline e o Grupo El Corte Inglés), desempenhando papéis técnicos, de gestão de projetos e consultoria.

Desde 2001, colabora como professor associado na Universidade Carlos III, na Universidade Camilo José Cela e em diversas escolas de negócios, ministrando disciplinas relacionadas com a direção de operações, logística, qualidade e TIC aplicadas ao setor logístico e de transporte.

É bacharel em Administração e Direção de Empresas e em Economia pela Universidade Carlos III de Madri, possui um mestrado em Gestão da Qualidade pelo Centro de Estudos Universitários Ramón Areces e um mestrado universitário em Logística para os Sistemas de Segurança e Defesa pela Universidade Rey Juan Carlos. Obteve a Certificação Europeia em Logística (ESLog) concedida pela European Logistics Association, é Certified Supply Chain Professional (CSCP) e Certified in Logistics, Transportation and Distribution (CLTD) pela Apics e, graças a sua contribuição para a profissão logística, é Certified Fellow in Production and Inventory Management (CFPIM) pela Apics

 

donwload pdf
Materiais inteligentes para a construção do futuro

Materiais inteligentes para a construção do futuro

A transformação de um setor tão tradicional quanto o da construção pode partir da revolução de seus materiais, estabelecendo novos pontos decisivos na arquitetura e oferecendo soluções inovadoras que assegurem a sustentabilidade e melhorem as edificações. Esses...

ler mais
Ultranav: um caso de sucesso na gestão de risco marítimo

Ultranav: um caso de sucesso na gestão de risco marítimo

Durante a realização do Congresso Latino-Americano de Seguros Marítimos da Alsum, conhecemos o desafio interno assumido pela Ultranav, companhia de navegação com extensa frota e presença em 19 países, que conseguiu reduzir a quantidade de sinistros de maneira muito...

ler mais