Home > Revista Gerência de Riscos e Seguros > Entrevistas > Esperanza Pereira Fernández, chefe da Divisão de Riscos e Seguros da AENA
Esperanza-Pereira933X526

Esperanza Pereira Fernández, chefe da Divisão de Riscos e Seguros da AENA

“É difícil que uma empresa tenha um crescimento sustentável sem uma adequada política de gestão de riscos”

Mais de 263 milhões de pessoas passaram em 2018 pelos 46 aeroportos espanhóis administrados pela AENA. A sociedade está no controle, além disso, de dois heliportos, e participa direta e indiretamente na gestão de outros 17 aeródromos em diferentes países. Como máximo responsável da Divisão de Riscos e Seguros, Esperanza Pereira nos conta o valor de uma gerência de riscos eficiente, em que é o primeiro operador aeroportuário do mundo por número de passageiros.

1.       Quais são suas principais funções à frente do Departamento de Riscos e Seguros da AENA?

Minhas funções englobam a identificação, análise e avaliação dos riscos materiais, econômicos e pessoais da rede de aeroportos da AENA, tanto na Espanha como no exterior – como o aeroporto londrino de Luton e, recentemente, seis aeroportos no nordeste do Brasil – com o fim de mitigá-los mediante transferência ao mercado segurador ou assumi-los mediante retenção própria. Também, dentro de minhas responsabilidades está o gerenciamento de sinistros ocorridos na rede de aeroportos da Aena S.A. tanto na Espanha como no Reino Unido e Brasil.

2.       Quais são os riscos mais importantes que deve correr?

Aqueles riscos que afetam nossos próprios ativos, assim como os riscos de responsabilidade civil próprios de um operador aeroportuário. Riscos materiais, econômicos e pessoais da rede de aeroportos da AENA tanto na Espanha como no resto dos países em que a companhia é o operador.

“Dada a natureza das atividades que desenvolvemos na AENA, toda a empresa está muito conscientizada em manter os riscos sob controle”

3.       Como se trabalha na AENA a conscientização corporativa sobre o risco?

Dada a natureza das atividades que desenvolvemos na AENA, toda a empresa está muito conscientizada em manter os riscos sob controle. Cada um dos departamentos, tanto no nível aeroportuário como no corporativo, participam dentro de seu âmbito, na prevenção, redução e/ou mitigação dos mesmos.

4.       Como se percebe o trabalho e o envolvimento do gerente de riscos no negócio?

Na AENA o trabalho do departamento de Gestão de Riscos e Seguros é muito respeitado e valorizado tanto nacional como internacionalmente. Toda a empresa está muito conscientizada com as políticas de risco e entende o papel que desenvolvemos e a dificuldade envolvida. Em nosso caso, esta gestão está integrada em todos os processos do negócio. Desde nossa área trabalhamos de maneira conjunta e colaborativa com os diferentes departamentos da empresa (Contratação, Internacional, Recursos Humanos, etc.) para identificar, administrar e reduzir o risco.

A AENA confia plenamente na experiência e conhecimento da nossa equipe dos riscos da empresa e do setor segurador, e aprecia contar com um departamento de profissionais que assessora, ajuda a estratégia da companhia e proporciona soluções para assegurar o êxito do negócio.

5.       Por que é fundamental para uma grande empresa contar com um gerente de riscos?

Vejo realmente difícil que uma empresa possa ter um crescimento sustentável sem uma adequada política de gestão de riscos. O desafio é conseguir a coordenação das diferentes unidades de negócio para que a estratégia e a política contra os riscos se desenvolvam de uma maneira integrada através de toda a organização. O desenvolvimento de planos de formação e a análise continuada dos riscos para se manter atualizado sobre novas ameaças e, por último, o estabelecimento de sistemas de gestão cada vez mais ágeis e efetivos são, em minha opinião, essenciais para a consecução de um crescimento sustentável de qualquer organização empresarial.

Os departamentos de Gerência de Risco têm uma grande responsabilidade, pois devem converter-se em motores para a inovação e a incorporação de soluções que vão mais além da mera transferência financeira. Por outro lado, deverão seguir oferecendo um serviço excelente a todos os níveis, desde a colocação ao gerenciamento de sinistros.

6.       Qual é sua relação com os agentes do setor segurador?

A AENA trabalha em estreita colaboração tanto com o corretor de seguros como com as diferentes seguradoras que oferecem soluções para as nossas necessidades. Em matéria de contratação, está submetida à Lei de contratos do setor público e, portanto, abrimos licitação no vencimento das apólices para garantir o asseguramento dos nossos riscos com os melhores atores do mercado.

7.       O que demandam os gerentes de riscos das seguradoras?

Dar soluções de asseguramento quando necessário e responder rapidamente na tramitação e pagamento dos sinistros.

AENA

AENA é um dos maiores administradores aeroportuários do mundo, com 46 aeroportos espanhóis, dois heliportos e a participação direta e indireta na gestão de 17 infraestruturas internacionais.

8. Como incide a interconectividade global na potenciação da figura do gerente de riscos?

AENA é um dos maiores gestores aeroportuários do mundo. Pela natureza da nossa atividade, trabalhamos em um ambiente altamente regulado e devemos responder a terceiros muito diversos e interligados: usuários, companhias aéreas, fornecedores e todos os tipos de empresas que realizam atividades nas instalações aeroportuárias, bem como a um grupo muito amplo de funcionários. As infraestruturas aeroportuárias operam como ecossistemas em conexão e são críticas em qualquer dos países, mais ainda naqueles em que o turismo tem um grande peso na economia. Neste contexto cada vez mais global, à gestão de riscos são apresentadas grandes oportunidades, já que toda esta interconectividade requer uma gestão profissional e adequada para tornar a empresa mais sólida e capaz de enfrentar os desafios que se apresentam.

9. Quais são os principais desafios futuros que enfrentam?

É um mercado em contínua evolução e que se move rapidamente diante das novas eventualidades. Hoje, os gerentes de riscos devem se preparar para os temas relacionados com a economia sustentável, por exemplo, e como ajudar desde nossas organizações a combater o aquecimento global.

Esperanza Pereira Fernández é formada em Direito pela Universidade Francisco de Vitoria. Sua carreira profissional vem desenvolvendo-se em importantes empresas como, Clifford Chance, Hiscox, Repsol e AENA.

Atualmente é a chefe do Departamento de Riscos e Seguros da AENA e vice-presidente II da Associação Espanhola de Gerência de Riscos e Seguros (Agers).

donwload pdf
Materiais inteligentes para a construção do futuro

Materiais inteligentes para a construção do futuro

A transformação de um setor tão tradicional quanto o da construção pode partir da revolução de seus materiais, estabelecendo novos pontos decisivos na arquitetura e oferecendo soluções inovadoras que assegurem a sustentabilidade e melhorem as edificações. Esses...

ler mais
Ultranav: um caso de sucesso na gestão de risco marítimo

Ultranav: um caso de sucesso na gestão de risco marítimo

Durante a realização do Congresso Latino-Americano de Seguros Marítimos da Alsum, conhecemos o desafio interno assumido pela Ultranav, companhia de navegação com extensa frota e presença em 19 países, que conseguiu reduzir a quantidade de sinistros de maneira muito...

ler mais