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“Contamos com um programa de investimentos de mais de 18000 milhões de euros nos próximos 5 anos, dos que cerca da terceira parte estarão voltados para iniciativas baixas em carbono”

Antonio de la Torre, Head of Business Performance Management, Strategy &BPM, CFO na Repsol, é Economista e MBA pelo IESE com mais de 30 anos trabalhando na Repsol, tanto como responsável comercial de negócios na Repsol Butano como em funções transversais em planejamento, controle, desenvolvimento de negócio e desenvolvimento corporativo (M&A), tendo sido responsável durante mais de cinco anos de Seguros e um pouco menos de dois de Riscos na Repsol, e iniciando um novo desafio após o início da transição estratégica da companhia em Business Performance Management, dentro da área de Estratégia da CFO.

De la Torre nos fala nesta entrevista do novo Plano Estratégico da companhia, focalizado em converter o gigante energético em uma companhia zero emissões líquidas de carbono até 2050, o que implicará esta reconversão nas diferentes linhas de negócio e para a gerência de riscos.

 

A Repsol anunciou no dia 26 de novembro seu Plano Estratégico para os próximos anos. Poderia indicar-nos brevemente, qual é o foco e as principais linhas sobre as que se assenta este Plano?

Muito obrigado à MAPFRE por seu amável convite. O objetivo central da Repsol é tornar-se uma companhia zero emissões líquidas de carbono em 2050, de forma rentável e garantindo o crescimento da companhia, com uma ambição diferencial de transformação até 2030, imprimindo uma maior velocidade, intensidade e viabilidade em nossa transição energética e estratégica, à qual aplicaremos mais de 30% dos nossos investimentos em projetos baixos em carbono (5.500 M€), assim como com um forte aumento da geração de caixa, disciplina financeira e retribuição atrativa para os nossos acionistas.

Para isso vamos alavancar os dois grandes motores geradores de caixa e a sólida base de ativos que nos permite acessar essa transição como são (i) o negócio de Upstream, que compreende todas as atividades associadas à exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás e (ii) o de Downstream, que engloba todos os negócios de trading e abastecimento de petróleo bruto e produtos, a refinação e o processamento dos mesmos, o negócio da química (Industrial), os negócios comerciais, principalmente os associados à prestação de energia e serviços a nossa ampla base de Clientes de estações de serviço, gás, eletricidade, butano, lubrificantes asfaltos e outras especialidades (Cliente) e terminando por nosso novo vetor de crescimento relacionado com a geração elétrica eólica, solar, hidráulica, cogeração e ciclos combinados (Geração Renovável). De fato, agora temos quatro verticais de negócios diferenciadas (Upstream, Industrial, Cliente e Geração Renovável) e um novo modelo corporativo que prevalece a responsabilidade e agrega mais valor.

Portanto, a aspiração da Repsol é ser um fornecedor de energia e serviços à sociedade, para uma ampla base de clientes em um ambiente de compromisso total com o meio ambiente, assumindo a liderança perante nossos stakeholders e acionistas, otimizando a alocação eficiente do capital de nossos negócios existentes para a geração renovável e situando o cliente no centro de nossa estratégia, situando-nos no primeiro quartil da indústria energética na retribuição ao acionista e preservando a força financeira em um momento de grande incerteza.

A crise desencadeada pela pandemia da Covid-19 teve um impacto muito severo no setor petroleiro, até que ponto repercutiu este fato na definição do novo Plano Estratégico da Repsol? acelerou a crise o roteiro do Grupo para um negócio mais diversificado?

O aparecimento há mais de um ano da Covid-19 no mundo supôs a maior disrupção desde a Segunda Guerra mundial em muitos aspectos. Para o setor das companhias integradas, como a Repsol, supôs a “tormenta perfeita”, pelo efeito na redução de preços do petróleo que se viveu na primeira parte do ano e na queda tão drástica nas margens de refinação. O nível de contração da demanda foi equiparável ao da redução da economia, principalmente nos países vizinhos onde a Repsol opera com quedas anuais superiores a 15%, afetando de maneira muito notável nossa capacidade de geração de recursos em 2020.

Desde o próprio mês de março de 2020 a companhia concentrou os seus esforços em garantir o equilíbrio financeiro em uma situação onde todos os riscos se materializaram, lançando um Plano de Resiliência que permitiu terminar o ano, inclusive com uma redução da dívida líquida em relação ao ano anterior, em um esforço de otimização, eficiência e seleção eficiente de projetos.

Dito isto, tendo presente a situação atual de incerteza em que se apresentou o plano estratégico, a Repsol estabeleceu dois períodos dentro do horizonte do plano: uma primeira fase em 2021 e 2022 onde nosso objetivo se orienta a garantir o excelente desempenho de nossas operações e a força financeira em um ambiente de incerteza econômica e de elevada volatilidade, através da eficiência e disciplina de capital preservando as iniciativas estabelecidas para a transição energética; e um segundo período entre 2023 e 2025 onde pretendemos acelerar a transformação e a geração de crescimento através da otimização da própria carteira de nossos negócios existentes, da geração de novas plataformas de negócio de maior intensidade de nossos investimentos e da melhoria de nossos índices operacionais e financeiros mediante um plano que seja autofinanciável em um ambiente de preços globais de energia contido e garantindo o maior valor para o acionista. Esta transformação ver-se-á refletida em uma maior diversificação do capital empregado da companhia com maior importância da geração baixa em carbono e do negócio industrial que incluirá energias alternativas como o hidrogênio e os biocombustíveis sustentáveis.

Dentre as diferentes fontes de energias renováveis, quais terão um papel protagonista nesta nova etapa da Repsol?

A Repsol leva vários anos apostando em energias de geração baixa em carbono, tendo mais de 3.000 MW operacionais em 2020 associados à energia eólica, fotovoltaica, hidráulica, cogerações em nossos complexos industriais e ciclos combinados, fundamentais para compensar a intermitência da eólica e da solar.

Especificamente em energias renováveis, começamos há dois anos e já estamos desenvolvendo na Espanha seis projetos renováveis, tendo já conectado à rede, no ano passado, os primeiros aerogeradores da Delta, em Aragão, e começado as obras dos projetos fotovoltaicos Valdesolar e Kappa, contando com uma joint venture no Chile com a Ibereólica que nos dá acesso a uma carteira de projetos de mais de 1.600 MW até 2025 e a possibilidade de ultrapassar os 2.600 MW em 2030. Nossa aposta para 2025 passa por crescer até 7,5 GW e 15GW em 2030 mediante energias de geração baixa em carbono, eólica e fotovoltaica.

Adicionalmente à geração, devemos recordar que os biocombustíveis e o hidrogênio também são formas de energia renovável para os quais a Repsol tem grande ambição no âmbito deste Plano Estratégico. Entre os objetivos para 2025 esperamos produzir 1,3Mt de biocombustíveis sustentáveis, assim como, 64.000 toneladas/ano de hidrogênio renovável, até alcançar uma produção equivalente de 400MW.

Por último, todos estes produtos fazem parte da aposta da Repsol que abrange uma visão integrada do cliente com produtos e serviços de alto valor agregado onde possamos desenvolver e dar espaço às novas necessidades dos clientes (car sharing Wible, mobilidade elétrica, geração distribuída, App Waylet, etc.).

No âmbito internacional, como se traduzirá esta maior aposta pelas renováveis? Que países/regiões, serão prioritários em seu desenvolvimento?

No momento atual nosso pipeline de projetos e ativos limitam-se à Península Ibérica e ao Chile após a assinatura em 2020 de um acordo com a Ibereólica para o desenvolvimento de novos projetos neste país, que apresenta um mercado altamente sofisticado com um quadro regulatório estável e maduro. Nossa ambição é desenvolver uma carteira e explorar oportunidades em outros mercados, que possam complementar nosso portfólio e onde possamos dispor de vantagens competitivas, tanto por nossa presença tradicional como por nossas capacidades diferenciais.

A Repsol leva tempo pesquisando e melhorando energias para o transporte, e este ano conseguiu um grande marco, que é a fabricação do primeiro lote de biocombustível para aviação do mercado espanhol, em seu complexo Industrial de Puertollano. Quais foram os principais desafios que a companhia enfrentou em seu desenvolvimento?

Estamos muito orgulhosos de ser os primeiros em fabricar combustível sustentável para a aviação na Espanha, um setor indiscutivelmente central para a descarbonização da economia e que será novamente crítico nas conversas quando a situação conjuntural que vivemos tiver passado. Trata-se de 7.000 toneladas de biojet que superaram os exigentes testes estabelecidos para este tipo de produto e esperamos que sua fabricação seja estendida a outras instalações da Repsol na Espanha. A prova disso é que há alguns dias tornamos pública a fabricação de um novo lote de 10.000 toneladas a partir de biomassa em nosso complexo de Tarragona.

Entre os desafios que apresentam este tipo de combustível, destaca a necessidade de garantir a matéria-prima para a sua fabricação. Por este motivo, a Repsol emprega um enfoque multi-tecnológico e com diversidade de matérias-primas que, como reflete o Plano, vão da biomassa a resíduos urbanos.

Além do desenvolvimento de biocombustíveis, que outras linhas de pesquisa estão levando adiante dentro do Grupo no caminho para alcançar o objetivo de redução de emissões de CO2?

Em primeiro lugar, eu gostaria de lembrar que em dezembro de 2019 a Repsol foi a primeira companhia que adquiriu o compromisso formal de avançar para as zero emissões líquidas em 2050, até o ponto de que 40% dos incentivos a longo prazo do CEO estão associados com esse objetivo. Em segundo lugar, é importante destacar a importância do mecanismo de medição da redução de emissões tomando toda a cadeia de valor, desde a produção/geração até o consumo. Finalmente, no recente plano estratégico incrementamos os objetivos intermediários de redução de emissões de 10 para 12% em 2025, de 20 para 25% em 2030 e de 40 para 50% em 2040. Uma última consideração relevante é a inclusão do preço do carbono em todas as decisões de investimento da companhia. Queremos continuar sendo líderes na transição energética, ao mesmo tempo que criamos valor para os nossos acionistas e para a sociedade.

O objetivo de redução da intensidade de carbono abrange todos os negócios da Repsol. No negócio de exploração e produção, liderando a diminuição da intensidade de carbono com uma redução de 75% e situando-nos na vanguarda da gestão do portfólio, otimizando a produção de novos barris com menor intensidade de carbono e desenvolvendo projetos de captura e armazenamento em alguns ativos ou projetos de desenvolvimento como a Indonésia.

No que se refere ao negócio industrial, mediante o desenvolvimento e a adoção das melhores tecnologias, a busca de oportunidades de uso das energias e otimização das ferramentas e da digitalização das operações, através de novos projetos como uma planta de biocombustíveis avançados na refinaria de Cartagena, diferentes projetos de economia circular no negócio de química, tanto de reciclagem de plásticos usados como de reciclagem mecânica de poliolefina e uma planta de geração de biogás a partir de resíduos urbanos ou plantas de combustíveis sintéticos de zero emissões líquidas. Também é importante que a Repsol possui o maior projeto de hidrogênio verde na Petronor, tendo presente que a Repsol é o primeiro produtor e consumidor de hidrogênio da Espanha.

No negócio do cliente estamos ampliando a comercialização de eletricidade baixa em carbono, assim como desenvolvendo soluções energéticas com base em nossa plataforma de mais de um milhão de clientes de gás e eletricidade ou plataformas duais para mobilidade avançada, sem esquecer o desenvolvimento tecnológico dos novos carburantes e motores que asseguram uma melhora substancial da redução de emissões.

Finalmente, nosso compromisso também alcança com que, aquela parte que não possamos cobrir com todos os desenvolvimentos tecnológicos existentes, possamos oferecer soluções baseadas na natureza através de acordos de colaboração para o reflorestamento como a JV formada pela Fundação Repsol, Sylvestris e Land Life.

Um dos projetos anunciados nesta linha é a construção de uma planta para a produção de combustíveis zero emissões líquidas a partir de CO2 e hidrogênio verde, gerado com energia renovável. Que tipo de aplicações tem o hidrogênio verde especificamente? Qual é a perspectiva de sua evolução futura?

Eu gostaria de responder esta pergunta analisando primeiro as aplicações do hidrogênio, o posicionamento da Espanha como país produtor e finalmente a estratégia da Repsol.

As aplicações do hidrogênio são múltiplas, desde o uso direto na indústria como matéria-prima e para a geração de calor, a produção de combustíveis sintéticos, a mobilidade direta, a injeção nas atuais redes de gás ou como armazenamento de energias renováveis para seu aproveitamento posterior.

A Espanha tem umas condições excepcionais para desenvolver a produção de hidrogênio renovável, tanto pela sua capacidade instalada e potencial renovável (biomassa, solar e eólico), por sua própria geografia e proximidade de mercados como pela eficiência em custos de produção associados. Não devemos esquecer que o hidrogênio renovável se pode produzir a partir de eletrólise da água como da reforma do biometano.

A Repsol é o maior consumidor e produtor de hidrogênio na Espanha com 72% da participação no mercado e, portanto, tem uma posição privilegiada que lhe permite arbitrar entre autoconsumo e outros usos, aproveitando a rede de estações de serviço para o transporte de combustíveis sintéticos e incorporando à rede de gás via mistura para uso em aquecimento doméstico industrial, como matéria-prima para outras indústrias ou como armazenamento energético para flexibilizar a geração de eletricidade renovável.

A Repsol também tem a possibilidade de produzir hidrogênio renovável em suas próprias instalações a partir de biometano, o que nos permitirá, diferentemente do resto dos produtores, oferecer preços competitivos no curto prazo.

O hidrogênio renovável terá um papel muito importante no contexto energético e industrial do nosso país e também da União Europeia, já que é parte fundamental da solução para conseguir a neutralidade em emissões. A Espanha marcou-se o objetivo de ter 4 GW de capacidade no ano 2030. A Repsol contribuirá com uma capacidade de pelo menos 1,2 GW nesse ano.

A reconversão do negócio da Repsol também se viu refletida no setor elétrico, onde o Grupo incrementou exponencialmente sua capacidade. Quais são os objetivos para seu impulso dentro desta nova etapa?

Como comentei antes, nosso objetivo para 2025 é alcançar uma base de 7,5 GW de geração baixa em carbono e duplicá-la até 15 em 2030, onde a presença internacional deve representar cerca de 50% da totalidade da capacidade operacional. Além disso e olhando para o cliente, nossos objetivos são expandir a atual base de clientes de gás e eletricidade de um milhão de clientes para 2,5 em 2025, entendendo esta base de clientes dentro de uma oferta única de clientes digitais, clientes multi-produtos tanto de gás natural, eletricidade, butano, propano, combustíveis em nossas estações de serviço ou em outros canais lubrificantes e especialidades e diferentes serviços associados aos produtos. Lembremos que temos mais de 10 milhões de clientes registrados sobre uma base de 24 milhões de clientes ativos na Espanha.

Além disso, como já mencionei antes, queremos acompanhar nossos clientes em seu caminho para a redução de emissões, oferecendo-lhes cada vez mais produtos e serviços que lhes permitirão reduzir sua pegada de carbono.

E no referente às atividades de downstream e upstream do Grupo, quais são as perspectivas de crescimento nos próximos anos?

Nossas prioridades para o horizonte do plano estratégico 2021-2025 em Upstream passam pela priorização do fluxo de caixa livre mediante a eficiência em custos e do portfólio de ativos, assumindo o preço de 50 dólares por barril Brent como base de trabalho neste período.

Adicionalmente, a gestão do negócio estará orientada na priorização de projetos de geração de valor a curto e médio prazo e alavancando-nos na digitalização e na eficiência em custos. Do ponto de vista dos targets de produção é relevante resenhar nossa preferência do valor sobre o volume, apostando por um ambiente de 650.000 barris equivalentes de petróleo por dia durante a vigência dos 5 anos do plano, reduzindo o número de países nos que estamos presentes e concentrando nossa atividade exploratória em 4 ou 5 áreas relevantes. Estes objetivos serão compatíveis perfeitamente com uma redução da intensidade de emissões de carbono de 75% e venderemos aqueles projetos não estratégicos ou excessivamente intensivos em carbono.

No que se refere ao negócio Industrial, tendo mencionado anteriormente tanto o Cliente como a Geração Renovável, o foco na Refinação vai estar centrado na melhoria da competitividade através da maximização de margens, da otimização dos custos e do incremento do negócio associado às novas plataformas de descarbonização, onde tenhamos ou criemos um componente nas margens diferenciais em relação aos nossos concorrentes. Nosso posicionamento na Europa no primeiro quartil deveria nos ajudar neste sentido.

No negócio de Química, a estratégia passa pela diferenciação com produtos de maior valor agregado, crescendo seletivamente em novas oportunidades e criando e desenvolvendo plataformas de economia circular (reciclagem e produtos químicos a partir de resíduos). O trading seguirá incrementando sua contribuição à companhia mediante a integração do valor dos ativos e o crescimento em produtos e em mercados chave.

Finalmente é relevante destacar que este negócio vai ser fundamental na visão de transformação da Repsol, combinando nossos ativos atuais com aqueles projetos de economia circular e descarbonização que façam mudar substancialmente os mesmos ao longo do plano para oferecer melhores produtos de futuro.

Do ponto de vista da grande empresa, qual seria a maior contribuição desta transformação do negócio?

A partir de um profundo compromisso com o ambiente nos países onde operamos e com o meio ambiente no âmbito global, lideramos a aposta pelas zero emissões em 2050 de toda a indústria, e além disso entendemos este objetivo global como uma fortaleza diferencial na transformação da companhia, sobre a base de nosso equipamento, nossos ativos existentes e sua necessária adaptação e transformação para continuar desenvolvendo a indústria e os serviços para uma ampla base de clientes. Para isso contamos com um programa de investimentos de mais de 18000 milhões de euros nos próximos 5 anos, dos que cerca da terceira parte estarão voltados para iniciativas baixas em carbono, atendendo nossas necessidades financeiras e preservando uma oferta de valor diferencial para os nossos acionistas com quase 5000 milhões de euros de dividendos nos próximos 5 anos e, dependendo do ambiente, possamos lançar programas de recompra de ações que incrementem a participação dos nossos acionistas na companhia.

E da perspectiva da gerência de riscos, que repercussões se podem esperar? como acredita que este Plano estratégico pode afetar seu mapa de riscos e, em suma, seu Programa de seguros no futuro?

Embora seja verdade que novas atividades envolvem novos riscos, acreditamos que os riscos que podem surgir como consequência da transição energética são de natureza similar – e de menor exposição na maioria dos casos – àqueles que a companhia normalmente administra, de modo que sua consideração no sistema integrado de riscos da companhia se realizaria de maneira natural, sem obstáculos relevantes.

Há alguns anos o Programa de Seguros já contempla a incorporação de ativos vinculados a negócios de baixas emissões (cogerações, hidrelétrica, renováveis) pelo que não antecipamos inconvenientes para sua adequada integração, ainda que seja preciso um monitoramento contínuo e possíveis leves ajustes no programa para conceder a melhor solução.

A MAPFRE é a primeira seguradora do Grupo Repsol, e seu vínculo remonta a mais de 30 anos. Se tivesse de descrever brevemente as bases sobre as que se assenta esta relação, O que ressaltaria e por quê?

Eu gostaria inicialmente de enumerar as diferentes relações que os grupos MAPFRE e Repsol desfrutam há muitos anos. A MAPFRE é a primeira resseguradora dos riscos industriais do grupo Repsol por capacidade. A MAPFRE é a companhia que nos permite desenvolver um programa internacional de seguros por quase 30 países e é, portanto, nosso segurador nesses países. A MAPFRE também é a companhia à qual transferimos parte dos riscos retidos corporativamente. Finalmente, a MAPFRE participa ativamente em projetos de construção, em nosso programa de engenharia de riscos e é nossa seguradora de confiança em apólices de direto de riscos específicos relevantes.

Há muitos fatores sobre os que se baseia qualquer relação a longo prazo. No caso concreto da MAPFRE, por enumerar algumas bases do bem-sucedido entendimento poderíamos destacar a melhoria contínua que reverte no benefício mútuo, a confiança e transparência, bem como a capacidade de manter um relacionamento equilibrado e fornecer apoio quando surgem dificuldades associadas à atividade de cada parte.

E por último, e considerando o caminho percorrido no processo de transição energética, considera que seria factível um mundo baseado 100% em renováveis a médio/longo prazo?

É relevante diferenciar, para favorecer uma adequada análise, os fins dos meios. O objetivo compartilhado no mundo é avançar para a descarbonização progressiva de forma inclusiva. Para isso é fundamental gerar os incentivos adequados para que todas as tecnologias possam competir em igualdade de condições com o objeto de alcançar o objetivo. Do contrário seremos deterministas confundindo os fins com os meios e inibindo a capacidade de melhoria tecnológica associada a este inevitável processo de transição energética. Neste cenário estamos caminhando para um mundo com um maior peso das energias renováveis, onde vão continuar existindo energias de transição como o gás e onde outras energias como o petróleo terão um papel fundamental para determinadas aplicações e produtos dificilmente substituíveis no curto e médio prazo com uma melhoria tecnológica que também ajuda no objetivo global. A Repsol vai fazer parte da solução e quer liderar esse processo de transição sobre a base de seus ativos atuais, sua profunda transformação para a descarbonização e economia circular, expansão na base de geração renovável e oferecendo produtos e serviços de qualidade a uma maior base de clientes mais exigente.

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